Bolsonaro diz que não dará indulto a presos
São Paulo, 28 Nov 2018 (AFP) - O presidente eleito, Jair Bolsonaro, disse nesta quarta-feira (28) que não vai indultar presos em seu governo, em meio a críticas por possíveis favorecimentos a condenados por corrupção e denúncias de maus-tratos a presos comuns.
Um indulto de Natal, concedido pelo presidente Michel Temer em 2017, gerou polêmica por suposto favorecimento a condenados por corrupção, segundo a Procuradoria-geral, que questionou o benefício na Suprema Corte.
Temer concedeu o benefício a quem tivesse cumprido um quinto da pena em caso de crimes não violentos ou ameaça grave.
Os juízes da máxima corte discutem esta semana a validade constitucional e as condições desse indulto, uma decisão que será uma referência para os futuros indultos presidenciais, tanto para o último que compete a Temer antes de deixar o cargo, quanto para os que Bolsonaro poderia aplicar.
"Pegar pesado na questão da violência e da criminalidade foi um dos nossos principais compromissos de campanha. Garanto a vocês, se houver indulto para criminosos neste ano, certamente será o último", prometeu Bolsonaro no Twitter.
O indulto é uma atribuição presidencial prevista na Constituição, que se aplica seguindo condições pontuais como bom comportamento e cumprimento de parte da pena ou por problemas de saúde. Não são contempladas pessoas que cometeram crimes graves ou violentos.
"Não é um cheque em branco, não se trata de libertar grandes criminosos, mas atende a um perfil específico de alguém que está em condições de voltar à sociedade", explicou à AFP Rafael Custodio de la ONG Conectas.
Custodio acrescentou que se for executada a decisão de não conceder indultos, será uma medida sem precedentes na história da democracia brasileira. Para o porta-voz da ONG, os indultos permitem descongestionar os superlotados presídios brasileiros.
O Brasil tem a terceira maior população carcerária do mundo, com 726.712 detentos, segundo os últimos dados oficiais, divulgados em 2016. A cifra quase dobra a capacidade prisional do país, calculada este ano em 368.049 vagas.
"Bolsonaro não promete alternativas contra a violência e a criminalidade que não sejam antigas e defasadas, que não dão resultado. O Brasil tem recorde mundial de homicídios e, ao mesmo tempo, uma das maiores populações carcerárias do mundo. Se a prisão resolvesse alguma coisa, o Brasil teria menos violência", afirmou Custodio.
Em entrevista no início do mês à TV Bandeirantes, depois de eleito, Bolsonaro, que defende as políticas de encarceramento, disse que "se não tiver recursos [para ampliar os presídios], amontoa [os presos]".
- Tortura física e psicológica -Os presídios brasileiros são cenários constantes de revoltas, brigas e fugas, principalmente motivadas por superlotação, condições precárias e disputas entre facções rivais.
Nesta quarta-feira, um departamento do Ministério de Direitos Humanos divulgou um relatório sobre as condições em três presídios de Rio Grande do Norte, Roraima e Amazonas, cenários de massacres nos últimos anos.
Em Alcaçuz, no Rio Grande do Norte, segundo peritos, os presos estão sendo submetidos a torturas e graves violências físicas e psicológicas, com sérias semelhanças às sofridas pelos reclusos na internacionalmente conhecida prisão de Abu Ghraib, no Iraque.
De acordo com o informe, há indícios de desaparecimento forçado, humilhante, uso desproporcional da força, anulação psicológica, nudez, golpes, dedos fraturados e asfixias na prisão onde 26 presos morreram em um massacre em janeiro de 2017.
Na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, em Roraima, foram registradas condições insalubres e evidências de maus-tratos. O informe destacou a presença não contabilizada de estrangeiros, em sua maioria venezuelanos, por se tratar de um estado fronteiriço com a Venezuela, de onde centenas de imigrantes cruzam diariamente para o Brasil.
No presídio Anisio Jobim, no Amazonas, donde 56 presos morreram em um massacre em 2017, também foram constatadas condições precárias de reclusão.
Um indulto de Natal, concedido pelo presidente Michel Temer em 2017, gerou polêmica por suposto favorecimento a condenados por corrupção, segundo a Procuradoria-geral, que questionou o benefício na Suprema Corte.
Temer concedeu o benefício a quem tivesse cumprido um quinto da pena em caso de crimes não violentos ou ameaça grave.
Os juízes da máxima corte discutem esta semana a validade constitucional e as condições desse indulto, uma decisão que será uma referência para os futuros indultos presidenciais, tanto para o último que compete a Temer antes de deixar o cargo, quanto para os que Bolsonaro poderia aplicar.
"Pegar pesado na questão da violência e da criminalidade foi um dos nossos principais compromissos de campanha. Garanto a vocês, se houver indulto para criminosos neste ano, certamente será o último", prometeu Bolsonaro no Twitter.
O indulto é uma atribuição presidencial prevista na Constituição, que se aplica seguindo condições pontuais como bom comportamento e cumprimento de parte da pena ou por problemas de saúde. Não são contempladas pessoas que cometeram crimes graves ou violentos.
"Não é um cheque em branco, não se trata de libertar grandes criminosos, mas atende a um perfil específico de alguém que está em condições de voltar à sociedade", explicou à AFP Rafael Custodio de la ONG Conectas.
Custodio acrescentou que se for executada a decisão de não conceder indultos, será uma medida sem precedentes na história da democracia brasileira. Para o porta-voz da ONG, os indultos permitem descongestionar os superlotados presídios brasileiros.
O Brasil tem a terceira maior população carcerária do mundo, com 726.712 detentos, segundo os últimos dados oficiais, divulgados em 2016. A cifra quase dobra a capacidade prisional do país, calculada este ano em 368.049 vagas.
"Bolsonaro não promete alternativas contra a violência e a criminalidade que não sejam antigas e defasadas, que não dão resultado. O Brasil tem recorde mundial de homicídios e, ao mesmo tempo, uma das maiores populações carcerárias do mundo. Se a prisão resolvesse alguma coisa, o Brasil teria menos violência", afirmou Custodio.
Em entrevista no início do mês à TV Bandeirantes, depois de eleito, Bolsonaro, que defende as políticas de encarceramento, disse que "se não tiver recursos [para ampliar os presídios], amontoa [os presos]".
- Tortura física e psicológica -Os presídios brasileiros são cenários constantes de revoltas, brigas e fugas, principalmente motivadas por superlotação, condições precárias e disputas entre facções rivais.
Nesta quarta-feira, um departamento do Ministério de Direitos Humanos divulgou um relatório sobre as condições em três presídios de Rio Grande do Norte, Roraima e Amazonas, cenários de massacres nos últimos anos.
Em Alcaçuz, no Rio Grande do Norte, segundo peritos, os presos estão sendo submetidos a torturas e graves violências físicas e psicológicas, com sérias semelhanças às sofridas pelos reclusos na internacionalmente conhecida prisão de Abu Ghraib, no Iraque.
De acordo com o informe, há indícios de desaparecimento forçado, humilhante, uso desproporcional da força, anulação psicológica, nudez, golpes, dedos fraturados e asfixias na prisão onde 26 presos morreram em um massacre em janeiro de 2017.
Na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, em Roraima, foram registradas condições insalubres e evidências de maus-tratos. O informe destacou a presença não contabilizada de estrangeiros, em sua maioria venezuelanos, por se tratar de um estado fronteiriço com a Venezuela, de onde centenas de imigrantes cruzam diariamente para o Brasil.
No presídio Anisio Jobim, no Amazonas, donde 56 presos morreram em um massacre em 2017, também foram constatadas condições precárias de reclusão.
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