Topo

França ansiosa por discurso de Macron para tentar superar crise dos 'coletes amarelos'

09/12/2018 18h03

Paris, 9 dez 2018 (AFP) - A França aguarda ansiosamente neste domingo (9) pelo discurso que o presidente Emmanuel Macron pronunciará nesta segunda-feira para solucionar a crise dos "coletes amarelos", após um novo dia de violentas manifestações no sábado, que terminou com quase 2.000 prisões.

Como já havia anunciado o primeiro-ministro, Édouard Philippe, no sábado e foi confirmado neste domingo pelo Palácio do Eliseu, o presidente Macron "se dirigirá à Nação" em relação a essa crise na segunda-feira às 20H00 locales (19H00 GMT, 17H00 horário de Braslía).

A presidência não deu mais detalhes sobre o aguardado pronunciamento. Segundo a ministra do Trabalho, Muriel Pénicaud, Macron, que receberá na segunda-feira pela manhã seus interlocutores sociais e representantes políticos, anunciará "medidas concretas e imediatas" para responder à crise.

O movimento desestruturado e sem líderes representa sobretudo a população de classe modesta, que considera que a política social e econômica de Macron beneficia os ricos.

Ele teve início com manifestações contra a alta dos tributos sobre combustíveis, e se tornou um movimento popular contra a perda de poder aquisitivo e o próprio presidente.

Macron fez algumas concessões. Cancelou a alta dos tributos sobre combustíveis - que fazia parte de um plano para combater as mudanças climáticas - e congelou os preços do gás e da eletricidades durante os próximos meses.

Mas ele terá que fazer mais que isso para acalmar a cólera das ruas.

Macron pronunciará um discurso à nação no começo desta semana, no qual anunciará "medidas" para "reunir toda a nação francesa", adiantou no sábado à noite o primeiro-ministro, Edouard Philippe, que avaliou que "chegou a hora do diálogo".

Na manhã de segunda-feira, ele receberá sindicatos de trabalhadores e de organizações patronais.

O diálogo é urgente após mais uma mobilização nacional marcada por atos violentos.

Disparos de gases lacrimogêneos, carros incendiados, barricadas em chamas e estabelecimentos comerciais destruídos, distúrbios e saques em Bordeaux, Toulouse (ambas no sudoeste), Nantes (oeste) e Marselha (sudeste) e bloqueios de estrada em todo o país. As imagens de sábado voltaram a impactar a França e o mundo.

Segundo a Prefeitura de Paris, "houve mais prejuízos" materiais que na semana passada, apesar do deslocamento de cerca de 8.000 policiais (89.000 ao todo no país), apoiados por veículos blindados da gendarmeria.

Ao todo, quase 2.000 pessoas foram presas na França, das quais 1.700 acabaram em prisão preventiva, segundo balanço definitivo de um dia em que 136.000 franceses foram às ruas.

- Macron encurralado -"Está claro que subestimamos a necessidade de nossos cidadãos de tomar a palavra, de expressar suas dificuldades e de participar na construção de soluções", admitiu neste domingo o porta-voz do governo, Benjamin Griveaux.

A nível internacional, o movimento dos "coletes amarelos" desperta simpatias, mas internamente a crise encurrala o presidente Macron, cuja popularidade despencou em um ano e meio de governo.

As autoridades francesas intensificaram as verificações sobre a multiplicação de contas falsas nas redes sociais, as quais teriam o objetivo de amplificar a contestação do movimento dos "coletes amarelos", disseram à AFP fontes ligadas ao caso.

Segundo o jornal britânico "The Times", existem centenas de contas falsas alimentadas pela Rússia que buscam gerar uma maior repercussão dos protestos dos "coletes amarelos".