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China denuncia tratamento 'desumano' contra executiva da Huawei detida

10/12/2018 12h54

Pequim, 10 dez 2018 (AFP) - O governo da China denunciou, nesta segunda-feira (10), o tratamento "desumano" recebido por Meng Wanzhou, de 46 anos, executiva do líder mundial em telefonia móvel e equipamentos de telecomunicações chinês Huawei.

Ela foi detida em 1º de dezembro no Canadá, a pedido dos Estados Unidos, país que também solicita sua extradição.

Em uma declaração sob juramento, Meng pediu sua soltura, alegando problemas de saúde. Ela disse estar recebendo tratamento por hipertensão em um hospital canadense.

Os Estados Unidos pedem a extradição de Meng Wanzhou por suspeitas de ter cometido fraude para violar as sanções que o governo americano mantém contra o Irã.

A detenção de Meng provocou o repúdio do governo chinês, que convocou o embaixador americano. O episódio aumentou a tensão entre ambas as potências.

Segundo o jornal chinês pró-governo Global Times, que não cita fontes, "o centro de detenção canadense não oferece a ela os cuidados de saúde necessários".

"Pensamos que é desumano e que isso viola seus direitos", declarou Lu Kang, um porta-voz do Ministério chinês das Relações Exteriores.

O porta-voz disse ainda que o Canadá não informou imediatamente as autoridades consulares chinesas sobre a detenção de Meng, em violação de um tratado bilateral.

- Hipertensão -Na sexta-feira, a executiva compareceu diante de um juiz canadense que deveria se pronunciar sobre sua eventual liberação condicional. A audiência será retomada nesta segunda.

Na sessão de sexta, Meng informou que sofre hipertensão grave há anos e que, desde sua detenção, teve de ser internada várias vezes.

"Continuo sem me sentir bem e temo que minha saúde se deteriore durante minha detenção", afirma Meng na declaração de 55 páginas prestada sob juramento, na qual justifica seu pedido para ser posta em liberdade.

Ela disse ainda ter tido vários problemas de saúde em sua vida, relatando que sobreviveu a um câncer de tireoide em 2011.

Na sexta, a Procuradoria canadense se opôs a libertá-la sob fiança por considerar possível que fuja para a China, de modo a evitar a extradição para os Estados Unidos.

A executiva é acusada pela Justiça americana de "complô para fraudar várias instituições financeiras" dos Estados Unidos. Ela teria escondido dessas instituições os vínculos entre a Huawei e uma de suas filiais que tentava vender material para o Irã, apesar das sanções impostas a Teerã por Washington.

Se for considerada culpada por essas acusações, pode ser condenada a até 30 anos de prisão.

O caso não deve ter grande impacto nas negociações comerciais de Washington com Pequim, afirma o representante americano para o Comércio (USTR, na sigla em inglês), Robert Lighthizer, à frente do diálogo com a China.

"Trata-se de um caso penal que está totalmente separado do meu trabalho, ou das pessoas que trabalham em políticas comerciais", declarou, em entrevista à rede CBS, referindo-se à Huawei.

Na tentativa de aliviar a tensão, o conselheiro econômico da Casa Branca, Larry Kudlow, chegou a declarar à emissora Fox News que o presidente Donald Trump não estava a par da prisão de Meng Wanzhou, quando, na semana passada, jantava com seu colega chinês, Xi Jinping, em paralelo ao G20, em Buenos Aires.

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