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Washington exige explicações a Havana sobre 'presos políticos'

11/12/2018 19h51

Washington, 11 dez 2018 (AFP) - O chefe da diplomacia americana, Mike Pompeo, exigiu de Cuba uma explicação substantiva sobre os presos políticos na ilha, acusando Havana de ter ignorado todos os esforços diplomáticos prévios para obter respostas.



"Mais de cem presos políticos continuam presos", disse Pompeo, em carta aberta ao seu contraparte cubano, Bruno Rodríguez, datada de 7 de dezembro e divulgada nesta terça-feira (11) pelo Departamento de Estado.



A missiva inclui uma lista ilustrativa de presos políticos cubanos, sentenciados de dois a oito anos, acusados de desacato, resistência e difamação.



Entre os oito mencionados estão Martha Sánchez, da organização Damas de Branco; Eduardo Cardet, do Movimento Cristão Libertação, fundado pelo ativista falecido Oswaldo Payá; e o jornalista Yoeni de Jesús Guerra.



Também aparecem Yosvany Sánchez, Melkis Faure e Yanier Suárez, da União Patriótica de Cuba, o maior grupo dissidente, segundo o Departamento de Estado; e José Rolando Casares e Yamilka Abascal, da Mesa de Diálogo da Juventude Cubana.



"Os Estados Unidos reconhecem o direito soberano de todos os Estados para julgar e condenar indivíduos por violar as leis, sempre que um tribunal independente e imparcial lhes dê garantias justas de julgamento", escreveu Pompeo.



"No entanto, este princípio não justifica o encarceramento de indivíduos cubanos pelo simples exercício de seus direitos humanos e liberdades fundamentais, inclusive a liberdade de religião, expressão, reunião ou associação", acrescentou.



O governo cubano nega categoricamente a existência de presos de consciência em seu país e assegura que as pessoas mantidas na prisão foram condenadas por crimes comuns.



Estados Unidos e Cuba restabeleceram relações diplomáticas em 2015 após meio século de ruptura, mas a relação bilateral esfriou com a chegada de Donald Trump à Casa Branca, em janeiro de 2017.



Pompeo lembrou que na histórica visita do ex-presidente Barack Obama a Cuba, em 2016, o ex-presidente cubano Raúl Castro disse em coletiva de imprensa que se recebesse uma lista de "presos políticos", estes seriam libertados "essa mesma noite", mas isto não ocorreu.



Desde então, os Estados Unidos insistiram nas detenções, inclusive com uma nota diplomática formal enviada em junho, mas, segundo Pompeo, Cuba nunca respondeu.



Em outubro, uma reunião na ONU convocada pelos Estados Unidos para abordar o tema, foi interrompida por diplomatas cubanos aos gritos.



Ali estava presente o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, que na sexta-feira lançou uma ofensiva contra a ditadura cubana e seu efeito nocivo na região, durante uma conferência na sede da organização sobre a situação dos direitos humanos na ilha.



O tema dos presos de consciência esteve presente nos debates, com testemunhos e participação em vídeo de Berta Soler, líder das Damas de Branco.