Topo

Illinois teve 685 padres denunciados por pedofilia

20/12/2018 00h54

Chicago, 20 dez 2018 (AFP) - A procuradoria de Illinois informou nesta quarta-feira que 685 padres foram denunciados por pedofilia no Estado, um número muito maior do que o revelado pela Igreja Católica, em mais um escândalo envolvendo o clero.

A Procuradora-Geral de Illinois, Lisa Madigan, disse que as revelações da Igreja de que 185 membros do clero foram acusados de abuso sexual contra menores ficaram aquém do número descoberto por seu gabinete.

Os resultados preliminares de uma investigação que começou em agosto encontraram mais de 500 padres e membros do clero com alegações de abuso sexual infantil nas seis dioceses do estado, que somados aos citados pela Igreja totalizam 685 acusados.

"Ao optar por não investigar completamente as denúncias, a Igreja Católica fracassou em sua obrigação moral de fornecer aos sobreviventes, paroquianos e ao público uma contabilidade completa e precisa de todos os comportamentos sexualmente inapropriados envolvendo padres em Illinois", disse Madigan em um comunicado.

"As etapas preliminares desta investigação tem demonstrado que a Igreja Católica não consegue controlar a si mesma", destacou Madigan.

A investigação de Illinois foi motivada por um amplo relatório do júri em agosto que revelou denúncias confiáveis contra mais de 300 suspeitos de serem padres abusadores e identificou mais de 1.000 vítimas de abuso sexual infantil encobertas por décadas pela Igreja Católica no estado da Pensilvânia.

Em outubro, as autoridades federais abriram pela primeira vez uma investigação sobre o abuso do clero. Dioceses no estado relataram receber intimações federais do júri para produzir documentos.

A Arquidiocese de Chicago, a maior de Illinois, reagiu ao relatório de Madigan apoiando a investigação de todas as denúncias e sua comunicação às autoridadesA insistiendo en que todas las denuncias de abuso se investigan y se informan a las autoridades.

"Desde 2006 publicamos os nomes dos padres diocesanos sobre os quais pesam denúncias fundamentadas de abuso, e em 2014 publicamos mais de 20.000 documentos dos arquivos destes sacerdotes", destacou a Arquidiocese.

"As denúncias de abuso sexual contra menores, mesmo que derive de uma conduta que ocorreu há muitos anos, não podem ser tratadas como meros assuntos internos", declarou Madigan.

"Este relatório impactante é exatamente o que esperávamos", disse à AFP Zach Hiner, diretor-executivo da Rede de Sobreviventes dos Abusados por Sacerdotes (SNAP).

"Sabíamos há muito tempo que os funcionários da Igreja ignoravam ou minimizavam as acusações de abuso e este relatório é apenas mais uma prova de que trata-se de um problema sistêmico e não local".

Na segunda-feira, jesuítas dos Estados Unidos, que administram numerosas instituições de ensino, publicaram os nomes de dezenas de padres envolvidos em "acusações críveis" de pedofilia que remontam a 1950.

A lista com 89 nomes se somou à publicada há algumas semanas por outros grupos jesuítas, o que elevou a mais de 200 o número de padres da ordem envolvidos em supostos abusos de menores.

Em agosto, a promotoria da Pensilvânia publicou um devastador relatório sobre abusos sexuais especialmente sórdidos praticados durante décadas por mais de 300 padres, envolvendo cerca de mil menores durante sete décadas.

nov/oh/cc