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Conselho de Segurança da ONU aprova envio de observadores ao Iêmen

21/12/2018 18h44

Nações Unidas, Estados Unidos, 21 dez 2018 (AFP) - O Conselho de Segurança da ONU aprovou nesta sexta-feira (21) por unanimidade enviar uma missão civil de observadores ao Iêmen para monitorar a trégua no estratégico porto de Hodeida e supervisionar a saída dos combatentes da cidade.

A resolução redigida pela Grã-Bretanha foi adotada pelos 15 membros do Conselho após uma semana de duras negociações. O texto também respaldou os resultados das recentes negociações de paz na Suécia para pôr fim à guerra que dura quatro anos.

O texto, emendado várias vezes nesta semana a pedido dos Estados Unidos, da Rússia e do Kuwait, "insiste no respeito total de todas as partes ao cessar-fogo decretado para a província de Hodeida".

Também autoriza a ONU a "estabelecer e implantar, por um período inicial de 30 dias a partir da adoção da resolução, um avanço para iniciar um trabalho de observação" sob a direção do general holandês reformado Patrick Cammaert.

Segundo a ONU, este oficial, que realizou várias missões ao redor do mundo como um capacete azul, deve chegar a Amã na sexta-feira, antes de ir a Sanaa e Hodeida em datas não especificadas.

China e França saudaram a nova "unidade" do Conselho de Segurança. "A resolução unânime é um forte sinal de unidade e compromisso por parte do Conselho" e confirma todo seu "peso" por trás dos esforços da ONU no Iêmen, informou o embaixador francês, François Delattre.

- Ajuda humanitária -A resolução também pede que o secretário-geral "apresente (ao Conselho de Segurança) o quanto antes, antes de 31 de dezembro, propostas sobre como as Nações Unidas podem apoiar plenamente o Acordo de Estocolmo, conforme solicitado pelas partes".

Os diplomatas falaram da possibilidade de instalar em Hodeida e seus arredores entre 30 e 40 observadores - civis com experiência militar - para garantir o fim das hostilidades e a entrega de ajuda humanitária. O grupo já está a caminho da região, de acordo com a ONU.

As negociações na Suécia levaram a um cessar-fogo em Hodeida, que entrou em vigor na terça-feira, e à decisão de retirar combatentes da cidade e de seu porto.

Esta área, por onde passa a maior parte da ajuda humanitária ao Iêmen, é um problema estratégico na guerra em que se enfrentam, desde 2015, os huthis - apoiados pelo Irã - e as forças pró-governo - apoiadas por uma coalizão liderada pela Arábia Saudita.

Os dois lados chegaram a um acordo na Suécia pelo qual a ONU supervisionará as atividades em Hodeida. Também foi acordada uma troca de prisioneiros, respaldado pela resolução do Conselho de Segurança.

- Parágrafos suprimidos -Após os acordos alcançados na Suécia, o enviado da ONU para o Iêmen, Martin Griffiths, pediu ao Conselho de Segurança o envio de observadores há uma semana.

Entretanto, as discussões no Conselho se prolongaram.

A pedido dos Estados Unidos, acrescentou-se ao texto uma declaração acusando especificamente o Irã de apoiar os ataques dos huthis. A Rússia ameaçou usar seu veto se esta menção fosse mantida. Finalmente, a palavra "Irã" foi substituída por uma condenação de apoio aos huthis "seja qual for sua fonte".

Na resolução adotada nesta sexta-feira, todo o parágrafo em questão foi eliminado. Outros parágrafos também desapareceram: um sobre aspectos da situação humanitária no país e outro sobre a responsabilidade dos perpetradores de atrocidades e destruição no Iêmen, que afeta tanto as forças do governo quanto a coalizão liderada pela Arábia Saudita.

Sem contar as renovações anuais do regime de sanções para o Iêmen, esta é a primeira resolução adotada pelo Conselho de Segurança desde 2015 e a entrada na guerra da coalizão árabe.

Em 8 de dezembro, a ONU estimou que até 20 milhões de pessoas estão "em situação de insegurança alimentar" no Iêmen, onde ao menos 10.000 pessoas morreram por esta guerra.

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