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Chegam ao Iêmen primeiros observadores civis da ONU para consolidar trégua

22/12/2018 14h14

Áden, Iêmen, 22 dez 2018 (AFP) - O chefe dos observadores civis da ONU encarregados de consolidar o cessar-fogo na província de Hodeida e tornar seguros seus portos chegou neste sábado a Áden, no início de uma missão crucial para o Iêmen.

Pouco depois, chegou a Sanaa, sob controle rebelde, um grupo de seis observadores (duas mulheres e quatro homens) a bordo de um avião da ONU procedente de Aman. Eles irão se somar, em data a ser definida, à missão de observação em Hodeida, informaram representantes do escritório da ONU em Sanaa.

O chefe do grupo, o general holandês reformado Patrick Cammaert, veterano das missões de manutenção da paz, chegou a Áden acompanhado por uma equipe reduzida de observadores. Ele viajará a Sanaa após se reunir com dirigentes do governo reconhecido pela comunidade internacional, e depois a Hodeida, segundo uma autoridade iemenita.

No aeroporto, Cammaert foi recebido pelo general Saghir ben Aziz, presidente do grupo que representa o governo dentro de um comitê que reúne pró-governo e rebeldes. Este comitê é responsável pela retirada das tropas dos grupos beligerantes da cidade de Hodeida, principal frente atual do conflito.

Nesta sexta-feira, o Conselho de Segurança da ONU aprovou por unanimidade o envio de uma missão civil de observadores ao Iêmen para monitorar a trégua em Hodeida e supervisionar a saída dos combatentes daquela cidade.

Em mãos rebeldes, a cidade, de cerca de 600 mil habitantes, é a principal frente da guerra que opõe desde 2015 os rebeldes huthis, apoiados pelo Irã, e as forças pró-governo, apoiadas por uma coalizão liderada pela Arábia Saudita.

- 'Passo importante' -A resolução, redigida pela Grã-Bretanha, autoriza a ONU a "estabelecer e implantar, por um período inicial de 30 dias a partir da sua aprovação, um posto avançado para iniciar um trabalho de observação" sob a direção de Cammaert

Segundo diplomatas, esta missão seria formada por entre 30 e 40 membros, civis com experiência militar.

O texto também apoia o resultado das negociações de paz recentes na Suécia, dedicadas a encerrar a guerra, e "insiste no pleno respeito, por todas as partes, do cessar-fogo decretado na província de Hodeida".

Em vigor desde a última terça-feira, a trégua parece se manter, embora de forma frágil. Segundo a imprensa saudita, a coalizão acusou neste sábado os rebeldes de terem violado o cessar-fogo na província 14 vezes nas últimas 24 horas.

Já os rebeldes acusaram os adversários de serem responsáveis pelos disparos esporádicos em Hodeida e arredores, em declarações publicadas no site do Ansarullah, seu movimento político.

A resolução da ONU foi recebida de forma positiva pelos beligerantes. Os rebeldes a classificaram de "passo importante", enquanto o governo reafirmou seu compromisso de trabalhar com as Nações Unidas e respeitar o acordo.

"É um passo importante na direção do fim da agressão e do levantamento do bloqueio", reagiu Mohamed Abdelsalam, chefe da delegação rebelde nas negociações na Suécia, referindo-se à intervenção da coalizão liderada por Riad.

O governo do presidente Abd Rabbo Mansur Hadi reafirmou, por sua vez, seu "compromisso de respeitar o acordo da Suécia", respaldado pela resolução da ONU. Também se disse disposto a trabalhar de forma positiva com o enviado das Nações Unidas para o Iêmen, Martin Griffiths, para dar continuidade às negociações destinadas a obter um acordo político duradouro.

Riad também reagiu à resolução, estimando que, com a presença de observadores, os rebeldes huthis "perderão sua margem de manobra".

Esta foi a segunda resolução da ONU sobre o conflito iemenita, que já deixou mais de 10 mil mortos e causou a pior catástrofe humanitária do mundo, segundo as Nações Unidas.

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