Conselho de Segurança soma novas potências em 2019
Nações Unidas, Estados Unidos, 26 dez 2018 (AFP) - O Conselho de Segurança da ONU contará a partir de 1º de janeiro com cinco novos membros por dois anos, entre os quais haverá três potências regionais: Alemanha, Indonésia e África do Sul. Resta ver se o consenso será mais fácil, com um Estados Unidos cada vez mais imprevisível.
A Casa Branca tem a intenção de substituir a sua enviada, a "estrela" do Conselho Nikki Haley, pela ex-jornalista Heather Nauert, atual porta-voz do Departamento de Estado.
"Vários diplomatas estão focados na mudança da embaixadora dos Estados Unidos", disse à AFP Richard Gowan, da Universidade da ONU. Muitos temem que Nauert "adote uma linha 'Estados Unidos primeiro' mais dura que a de Nikki Haley".
"Unilateralista" e "isolacionista", os "Estados Unidos soltaram as amarras", assinala um diplomata. Este "endurecimento americano" fará com que "a ONU seja o alvo preferido", alerta.
Em xeque permanente sobre a Síria, o Conselho de Segurança havia mostrado unidade em 2017 com um pacote triplo de sanções contra a Coreia do Norte. Mas em 2018 prevaleceu a desunião.
"Os debates muitas vezes foram brutais, sequer buscamos o consenso, ninguém escuta, os votos de procedimento se multiplicam, as posições estão polarizadas", resume outro diplomata.
No fim de 2018, com relação ao Iêmen, o Conselho viu os Estados Unidos ameaçarem vetar um texto de seu, em princípio, aliado mais próximo, o Reino Unido, um acontecimento pouco falado e traumático para Londres, comenta outro embaixador sob anonimato.
Em público, o tom é, às vezes, displicente. "Não há uma busca de compromisso", denunciou o russo Vassily Nebenzia durante uma sessão sobre a República Centro-Africana, assinalando que "esta não é a primeira vez que nos dizem 'é pegar ou largar'".
Em 21 de dezembro, a Bolívia, membro não permanente, também se enfureceu. "Exigimos ser levados em consideração", disse o país, criticando a "falta de transparência e respeito" nas caóticas negociações sobre o envio de observadores ao território iemenita.
Para Moscou, os erros do Conselho são atribuíveis "às decisões monopolizadas" pelo triunvirato composto por Estados Unidos, Reino Unido e França, pelos quais passam, por tradição e interesse, as resoluções a serem redigidas sobre os conflitos no mundo.
A pergunta que surge é: haverá harmonia com Alemanha, África do Sul e Indonésia, acompanhados por Bélgica e República Dominicana? Estes países sucederão Suécia, Cazaquistão, Etiópia, Holanda e Bolívia.
- 'Membros escolhidos' -Com 100.000 capacetes azuis no terreno internacional, as Nações Unidas enfrentam grandes desafios. Como pressionar pela paz com um Conselho que o secretário-geral da ONU, António Guterres, encontra "mais dividido do que nunca"?
As diferenças se dão tanto em reuniões públicas como nas a portas fechadas, lamenta, decepcionado, um diplomata sueco.
Pela primeira vez, os cinco recém-chegados alcançaram um acordo com os outros cinco membros não permanentes do Conselho - Polônia, Peru, Kuwait, Guiné Equatorial e Costa do Marfim - para compartilhar as presidências dos comitês e apresentar a lista ao "P5", o grupo dos cinco membros permanentes - Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido.
"Aceitaram sem problemas", alegra-se um diplomata de um pequeno país, lembrando que a prática até esse momento era lutar nos bastidores de forma bilateral. Os 10 não permanentes "não compensarão o P5, mas podem ter um papel", quer acreditar esta fonte.
Ilustração simbólica da rejeição a uma estrutura herdada da era do pós-guerra e que já não corresponde ao mundo de hoje, os cinco novos membros não querem ser chamados "membros não permanentes", mas de "membros escolhidos".
O motor franco-alemão poderia ajudar a apagar a impressão de um Conselho que funciona em duas velocidades. "Os alemães e os franceses trabalharão em estreita cooperação para demonstrar que a Europa continua sendo importante a nível multilateral apesar do afastamento do Reino Unido" da União Europeia, prevê Gowan.
A Indonésia, por sua vez, poderia incomodar a China. "Os indonésios têm uma equipe forte e poderiam realizar debates no Conselho sobre a perseguição dos muçulmanos em Mianmar", assinala este especialista.
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