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Equipes de resgate tentam alcançar zonas remotas após tsunami na Indonésia

26/12/2018 06h05

Carita, Indonesia, 26 dez 2018 (AFP) - As equipes de resgate indonésias tentavam auxiliar nesta quarta-feira os moradores bloqueados nas ilhas remotas e e chegar aos vilarejos mais isolados após o tsunami provocado por um vulcão, que deixou mais de 400 mortos.

Os trabalhadores humanitários advertiram que os recursos de água potável e medicamentos são insuficientes, o que provocou um alerta para uma possível crise sanitária, enquanto milhares de desabrigados permanecem em refúgios ou hospitais. Muitas pessoas perderam suas casas.

O tsunami atingiu no sábado à noite a costa do Estreito de Sunda, que separa as ilhas de Sumatra e de Java, e deixou 429 mortos, 1.485 feridos e 154 desaparecidos, de acordo com a Agência Nacional de Gestão de Desastres.

Especialistas advertiram para o risco de novos tsunamis em consequência da atividade vulcânica, e um falso alerta provocou cenas de pânico na terça-feira. As áreas afetadas estão repletas de carros, barcos encalhados, móveis e escombros de diversos tipos.

O governo anunciou o uso de helicópteros para transportar mantimentos à população e ajuda às localidades mais remotas da região devastada, ao oeste de Java e sul de Sumatra.

Centenas de indonésios permanecem bloqueados em pequenas ilhas do Estreito de Sunda. As autoridades pretendem resgatar estas pessoas de helicóptero ou barco.

Cães farejadores das equipes de emergência tentam encontrar os desaparecidos, enquanto as famílias aguardam notícias nos centros de identificação de corpos. As esperanças de encontrar sobreviventes entre os escombros são praticamente nulas.

"Começamos a chegar aos locais mais isolados e afetados pelo tsunami", declarou Rody Ruswandi, da Agência Nacional. "Os danos são gigantescos e não conseguimos fazer isto nos primeiros dias".

As estradas e pontes foram muito danificadas, o que complica ainda mais a tarefa.

- 'Muita miséria' -A onda foi provocada por uma erupção no vulcão conhecido como o "filho" do lendário Krakatoa, o Anak Krakatoa.

Anak Krakatoa é uma pequena ilha vulcânica que surgiu no oceano meio século depois da letal erupção do vulcão Krakatoa em 1883. É um dos 127 vulcões ativos da Indonésia.

Naquela ocasião, uma coluna de cinzas, pedras e fumaça foi expelida a mais de 20 km de altura, o que deixou a região no escuro e provocou um grande tsunami, com repercussões em todo o mundo. A catástrofe deixou mais de 36.000 mortos.

De acordo com os cientistas, a catástrofe de sábado foi provocada por uma erupção moderada do Anak Krakatoa, que gerou uma avalanche submarina de parte do vulcão e o deslocamento de grandes massas de água.

A Cruz Vermelha indonésia anunciou que mais de 400 funcionários e voluntários trabalham para distribuir água potável, cobertores, barracas e unidades médicas móveis.

"Nossas equipes encontram muitas fissuras, casas destruídas e pessoas em estado de choque", disse Arifin Hadi, diretor de gestão de desastres da Cruz Vermelha local.

"Os indonésios sofreram uma série de desastres este ano, há muitas perdas e muita miséria", completou.

Esta é a terceira catástrofe natural grave registrada na Indonésia nos últimos 10 meses, após série de terremotos atingiu a ilha de Lombok em julho e agosto e do tsunami que devastou Palu, na ilha Célebes, em setembro, uma tragédia que deixou 2.200 mortos e milhares de desaparecidos.

Em 26 de dezembro de 2004, um tsunami provocado por um terremoto no fundo do mar de 9,3 graus de magnitude, na costa de Sumatra, Indonésia, provocou a morte de 220.000 pessoas em vários países do Oceano Índico, 168.000 delas na Indonésia.

A Indonésia, uma das áreas mais propensas a sofrer catástrofes no planeta, fica no Círculo de Fogo do Pacífico, onde se encontram placas tectônicas e que registra grande parte das erupções vulcânicas e terremotos do planeta.

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