Partidários de Bolsonaro tomam Brasília para a posse do 'Mito'
Brasília, 1 Jan 2019 (AFP) - Usando as cores verde e amarelo e entre fortes medidas de segurança, os partidários do presidente eleito de extrema direita Jair Bolsonaro começavam a lotar a Esplanada dos Ministérios, em Brasília, para assistir à cerimônia de posse daquele que chamam de "Mito" e em quem depositaram sua esperança de mudança.
Chegou o dia que estavam esperando desde que o capitão do Exército na reserva e nostálgico da ditadura militar venceu, em 28 de outubro, as eleições mais imprevisíveis dos últimos anos.
E o fez após uma campanha atípica, na qual passou grande parte se recuperando de uma facada sofrida no atentado durante um comício.
"É o final de uma grande luta. Precisamos de um homem como ele no poder. Contamos com ele para libertar o Brasil dos bandidos. Hoje o bandido tem mais liberdade para andar armado do que o cidadão de bem que cumpre a lei", assegurou à AFP o empresário Zé Ivan, que viajou do Pará para estar presente ao ato.
Procedentes de todos os pontos do país, nenhum fã do "mito" quer perder este momento histórico, pouco provável há apenas alguns meses.
Eles o fazem com bandeiras, camisas estampadas com o rosto do novo presidente e até mesmo usando fantasias de super-heróis. Alguns compartilham bênçãos, ou gritam frases a favor do iminente presidente.
Ninguém parece se importar com a chuva fina que cai desde de manhã cedo, com os quatro controles pelos quais precisam passar ou se ainda é uma incógnita se o presidente e sua esposa, Michelle, realizarão o percurso pela Esplanada em um Rolls Royce conversível - como manda a tradição - ou em um carro blindado.
"Vim pelo mito. É algo que nunca vivemos antes na história do Brasil", afirmou Vandelice Morais, uma professora afrobrasileira de 67 anos saída da Bahia.
- 'Contamos com ele' -A cerimônia foi planejada com medidas de segurança sem precedentes para este tipo de ato, que deixou bloqueado o coração da capital, onde se estende a emblemática Esplanada dos Ministérios, entre a Catedral, o Congresso e o Palácio do Planalto.
Perto de uma das entradas, um jipe do Exército dava as boas-vindas "à festa da democracia" e lembrava que há atiradores de elite posicionados em locais estratégicos e um dispositivo em caso de ataque químico.
A insegurança é um dos temas que mais preocupa os brasileiros e que ajuda a explicar a ascensão de Bolsonaro, um deputado federal praticamente inexpressivo durante quase três décadas, mas cujo discurso a favor da mão de ferro conquistou muitos adeptos.
Usando uma camisa com o logo da polícia de Nova York, o professor Mauro Pena não escondia as esperanças de que o novo governo possa resolver o problema.
"Contamos com ele para acabar com a criminalidade e para tomar medidas mais liberais na economia", afirmou este docente de 36 anos, admirador do governo dos Estados Unidos.
- 'E se funcionar?' -Bolsonaro também nunca escondeu a sua admiração pelo presidente americano, Donald Trump, com quem pretende colaborar estritamente. Trump não irá à posse, mas enviou o seu secretário de Estado, Mike Pompeo, como parte de uma comitiva de convidados integrada por 12 chefes de Estado e de Governo, além de outros representantes.
Entre eles está o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, que visitou Bolsonaro no Rio de Janeiro e é um dos grandes representantes do eixo de governos com tom conservador e antiglobalização, aos quais o novo presidente quer se unir.
"A associação com Israel contribuirá muito para o Brasil em termos de tecnologia, mas para nós também é muito importante porque somos cristãos. Como essa união o Brasil será abençoado", avaliou Denise Souza, uma comerciante de 30 anos chegada de Minas Gerais e que combinava a sua camisa amarela de Bolsonaro com uma bandeira de Israel nas costas.
Aos poucos a onda verde e amarela aumentava na Esplanada, cada vez mais cheia de partidários de Bolsonaro à espera do começo do desfile da comitiva, às 14h45.
Todos na expectativa do começo de uma nova era.
"Os governos que vieram antes fizeram sempre o mesmo e deu no que deu", afirmou o estudante Igor Freitas que, aos 17 anos, votou pela primeira vez nas eleições passadas.
"Bolsonaro veio com uma postura totalmente diferente, por isso decidi votar nele. E se der certo?", questionou.
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