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Trump chama democratas à Casa Branca para negociar, mas não renuncia a muro

02/01/2019 18h42

Washington, 2 Jan 2019 (AFP) - Donald Trump convidou à Casa Branca, nesta quarta-feira (2), os líderes democratas para dar fim ao fechamento parcial do governo dos Estados Unidos, embora tenha alertado que a paralisação orçamentária pode durar "muito tempo", já que não vai ceder em sua demanda de um muro na fronteira.

Na véspera da inauguração do novo Congresso, que começa suas sessões na quinta-feira e com uma paralisação orçamentária que se estende desde 22 de dezembro, as negociações sobre a lei de orçamento estão estagnadas.

Trump insiste que o orçamento deve incluir uma verba para a construção de um muro na fronteira com o México para lutar contra a imigração. Os democratas, que a partir de quinta-feira retomarão o controle da Câmara dos Deputados, consideram que esse muro não é a resposta mais adaptada a uma questão complexa como a imigração.

"Pode durar muito tempo. É um tema importante demais para deixar passar", afirmou o presidente, que garantiu que a destinação de 5,6 bilhões de dólares para a construção do muro é "uma quantia pequena, tratando-se de um assunto de segurança nacional".

Para tentar destravar a situação, Nancy Pelosi, que assume na quinta-feira a presidência da bancada majoritária na Câmara dos Representantes, e com Chuck Schumer, líder da minoria democrata no Senado, participarão de uma reunião com seus homólogos republicados na Casa Branca, que segundo a agenda do dia está focado na "segurança fronteiriça".

O último encontro com os líderes democratas em 11 de dezembro no Salão Oval foi intenso, e na frente das câmeras Trump insistiu que o país "precisa" do muro, listando uma série de razões escritas em cartões de apoio criticados por seus opositores.

"O que o presidente está mostrando com seus cartões não são fatos", disse Pelosi.

Trump, que com o fracasso das negociações pouco antes do final das férias do ano foi deixado sem sua fuga tradicional para a Flórida para jogar golfe em um clima mais ameno, se dedicou durante as festas a insistir na construção do muro em sua conta do Twitter.

- Jogos políticos -"O México vai pagar o muro graças ao novo acordo comercial T-MEC", disse Trump em um tuíte nesta quarta, reiterando uma de suas promessas de campanha de que o país vizinho deveria construir o muro.

Trump também disse que grande parte do muro está pronta ou completamente reformada, algo que precisa de provas.

"Já temos muito trabalho. São 5,6 bilhões de dólares que a Câmara aprovou é pouco em comparação com os benefícios para a segurança nacional", disse, defendendo um projeto aprovado pela Câmara de Representantes que deve ser analisado pelo Senado nesta quarta.

Mas apesar de os republicanos controlarem 51 dos 100 assentos no Senado, esta lei não parece ter futuro, uma vez que as iniciativas orçamentárias precisam de 60 votos.

Para sair da paralisia orçamentária, os democratas propõem, por um lado, renovar até o dia 30 de setembro os orçamentos das agências que não são alvo de nenhuma controvérsia e só prolongar até 8 de fevereiro o orçamento do Departamento de Segurança Nacional, responsável pelas fronteiras.

Nesta quarta-feira, o representante republicano na câmara baixa Steve Scalise tentou reduzir o perfil do mal-estar prevalecente, pedindo aos democratas que "parem de brincar com a segurança dos Estados Unidos".

"O tempo dos jogos políticos acabou", disse Scalise em um debate na Fox News. "Há vidas que estão em jogo", acrescentou.

O senador republicano Mitch McConnell, líder da bancada, disse que só agendará a votação de projetos que tenham a aprovação da Câmara e de Trump.

Um artigo escrito no jornal Washington Post pelo ex-candidato à presidência Mitt Romney, que agora assumirá como senador, acrescentou ainda mais incerteza ao clima de Washington.

"As palavras de Trump causaram consternação em todo o mundo", escreveu Romney, que representará o estado de Utah no Senado.

"Não pretendo comentar cada tuíte e cada tropeção", disse o político republicano. "Mas vou falar contra declarações ou ações significativas que causam divisões, sejam elas racistas, sexistas, anti-imigrantes, desonestas ou destrutivas para instituições democráticas", acrescentou.