Desertor diz que norte-coreano que busca asilo pertence a família de diplomatas
Seul, 4 Jan 2019 (AFP) - O diplomata norte-coreano creditado na Itália e que, segundo os deputados sul-coreanos, está em busca de asilo, vem de uma renomada família diplomática e seu pai e o sogro trabalhavam no Ministério das Relações Exteriores de Pyongyang, segundo um desertor.
Jo Song Gi, o diplomata norte-coreano mais graduado da Itália e embaixador interino em Roma, se escondeu com sua esposa em novembro e está pedindo asilo, informou a inteligência sul-coreana nesta quinta-feira por meio de deputados.
Se esta informação for confirmada, será a primeira deserção de um alto diplomata norte-coreano desde Thae Yong Ho em 2016, o número dois da embaixada norte-coreana em Londres.
Segundo Thae, Jo é filho de um ex-diplomata, enquanto seu sogro era embaixador na Tailândia na década de 1990 e estava encarregado do protocolo diplomático da família Kim no Ministério das Relações Exteriores.
"Trabalhei com Jo no mesmo departamento do Ministério de Relações Exteriores de Pyongyang por muito tempo, mas nunca imaginei que ele procuraria asilo", declarou Thae ao sul-coreano Channel A. "A notícia me surpreendeu".
"Eu também trabalhei por anos com seu sogro, um veterano diplomata bem conhecido em Pyongyang e que também serviu como cônsul-geral em Hong Kong nos anos 2000", acrescentou Thae na entrevista, transmitida na quinta-feira.
Tanto a família de Jo como sua esposa pertenciam à "eliete prestigiada e rica" da Coreia do Norte e tinham um filho, segundo Thae.
O diplomata norte-coreano de mais alto escalão na Itália pediu asilo e agora vive escondido, segundo revelaram deputados sul-coreanos na quinta-feira.
Uma fonte próxima ao ministério das Relações Exteriores italiano afirmou que nenhuma solicitação de asilo da parte do embaixador interino norte-coreano foi recebida.
Segundo outro parlamentar, Lee Eun-jae, os serviços de Inteligência sul-coreanos confirmaram que o diplomata pediu asilo, mas não sabem onde ele se encontra.
Os serviços de Inteligência sul-coreanos e os deputados se reuniram depois que o jornal sul-coreano "JoongAng Ilbo" afirmou que Jo pediu asilo junto com sua família em um país ocidental, o que constituiria uma importante deserção para o regime de Pyongyang.
A maioria dos diplomatas norte-coreanos que trabalham em outros países é obrigado a deixar seus familiares - em geral os filhos - na Coreia do Norte para evitar que desertem enquanto trabalham no exterior.
O governo italiano disse, por sua vez, não estar a par dessa situação.
O último diplomata norte-coreano de alto escalão a desertar foi Thae Yong-ho, que abandonou seu posto de número dois da embaixada da Coreia do Norte em Londres, em 2016.
Jo, de 48 anos, cobria o posto de forma interina desde outubro de 2017. Nessa data, a Itália expulsou o então embaixador Mun Jong-nam em protesto pelo lançamento de mísseis e por um teste nuclear realizados por Pyongyang um mês antes, violando resoluções da ONU.
Jo chegou a Roma em maio de 2015 com mulher e filhos, o que sugere que possa ser de uma família com recursos, afirma o jornal "JoongAng", acrescentando que as razões para sua deserção ainda não estão claras.
Quando Thae desertou, justificou sua decisão, em parte, por seu desejo de oferecer um futuro melhor para os três filhos, depois de ser convocado para retornar para a Coreia do Norte.
Pyongyang chamou o ex-diplomata de "podridão humana" e o acusou de desviar uma grande soma de dinheiro, estuprar uma menor e espionar em nome de Seul.
As deserções de diplomatas são raras, já que a Coreia do Norte tem poucas embaixadas. Os casos precedentes incluem a deserção, em 1997, do embaixador da Coreia do Norte no Egito e a deserção em 2015 de um diplomata destinado à África.
A dinastia Kim governa a Coreia do Norte com mão de ferro há três gerações. O regime é acusado de graves violações dos direitos humanos.
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