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Grupo de Lima e EUA se reúne para tomar medidas contra Venezuela

04/01/2019 11h43

Lima, 4 Jan 2019 (AFP) - Os ministros das Relações Exteriores dos países-membros do Grupo Lima se reúnem nesta sexta-feira (4), na capital peruana, com a participação sem precedentes dos Estados Unidos para definir ações contra o novo mandato de Nicolás Maduro na Venezuela, reunião que também contará com o chanceler do novo governo de Jair Bolsonaro.

De acordo com o comunicado divulgado pela Diplomacia peruana à imprensa na quinta-feira, "os ministros das Relações Exteriores do Grupo de Lima se reunirão para analisar a situação na Venezuela e tomar medidas antes do início, em 10 de janeiro, do novo mandato presidencial de Nicolás Maduro, resultado de eleições ilegítimas".

Na última hora de quinta, o governo dos Estados Unidos anunciou que o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, participará da reunião do grupo por videoconferência, apesar de não fazer parte do mesmo.

Durante sua visita ao Brasil para a posse de Bolsonaro, Pompeo acertou com o chanceler peruano, Néstor Popolizio, "aumentar a pressão" sobre o governo Maduro para restaurar "a democracia e a prosperidade" na Venezuela.

A decisão acontece em um momento em que os Estados Unidos aumentam seus contatos com os países sul-americanos e endureceram seu discurso contra o governo de Maduro.

A convocação do Grupo de Lima foi feita na mesma semana em que Pompeo foi recebido em Cartagena, na quarta-feira, pelo presidente colombiano, Iván Duque.

Na reunião, os dois governos concordaram em unir esforços para isolar diplomaticamente o governo de Nicolás Maduro e "recuperar" a democracia na Venezuela.

O presidente da Colômbia pediu aos "países defensores da democracia" que não reconheçam o novo governo de Maduro. O mandato começa em 10 de janeiro e deve se estender até 2025.

Segundo Maduro, os Estados Unidos estão coordenando um complô para gerar incidentes armados nas fronteiras da Venezuela com a Colômbia e com o Brasil e justificar uma intervenção militar.

Durante a reunião em Lima - acrescenta o governo peruano -, os participantes "vão considerar iniciativas de coordenação regional para a restauração da democracia e do respeito aos direitos humanos na Venezuela e para enfrentar o êxodo de cidadãos venezuelanos".

- Regime ditatorial -O governo de Bolsonaro estreia neste fórum com a participação de seu ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, depois de mostrar repetidamente sua animosidade em relação a Maduro, a quem julga líder de um regime ditatorial.

Maduro se prepara para iniciar em 10 de janeiro um segundo mandato presidencial (2019-2025), após sua reeleição no pleito realizado em maio passado, uma disputa descrita como fraudulenta pela oposição.

Essas eleições não foram reconhecidas pelos Estados Unidos, nem pela União Europeia, nem por grande parte da comunidade internacional.

Em função da grave crise econômica, a Venezuela enfrenta um êxodo migratório com 2,3 milhões de venezuelanos abandonando o país desde 2015, segundo dados da ONU.

Os venezuelanos fogem da escassez de alimentos e de remédios e uma inflação estimada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) em 10 10.000.000% para 2019.

Criado em 2017 em meio à onda de protestos contra Maduro, o Grupo de Lima é integrado por Brasil, Argentina, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Honduras, México, Panamá, Paraguai, Peru, Guiana e Santa Lúcia.

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