Topo

'Recorde da vergonha' para a Europa por sua política migratória

04/01/2019 12h34

Roma, 4 Jan 2019 (AFP) - A Europa obteve o "recorde da vergonha" por se recusar a receber cerca de 30 migrantes, que vagam pelo Mar Mediterrâneo desde que foram resgatados na costa da Líbia há duas semanas, segundo denúncia feita por ONGs.

"Faz 14 dias desde que foram abandonados no mar. Um novo recorde da vergonha", escreveu no Twitter a associação que representa organizações humanitárias e de direitos humanos.

As condições dos migrantes pioraram devido à chegada de uma onda de frio com ondas fortes, o que forçou na quinta-feira o navio "Sea-Watch 3", fretado por uma ONG alemã, a se refugiar perto da costa maltesa.

As autoridades de Valletta autorizaram a navegação, mas impediram o navio de atracar. Três crianças de um, seis e sete anos de idade "vomitam continuamente e correm o risco de hipotermia e desidratação", disse Alessandro Metz, um dos líderes do grupo humanitário.

Os 32 migrantes foram resgatados em 22 de dezembro pelo "Sea-Watch 3" que navega com a bandeira holandesa. Nesta sexta-feira uma nova equipe chegou, assim como provisões

Além das três crianças doentes, viajam três adolescentes desacompanhados e quatro mulheres da Nigéria, Líbia e Costa do Marfim.

A ONG alemã Sea-Eye informou que também navega ao largo da costa de Malta com 17 migrantes desde 29 de dezembro, enquanto aguarda autorização para desembarque.

Holanda, Alemanha, Itália e Espanha inicialmente recusaram-se a receber esses migrantes, mas Berlim e Haia decidiram aceitá-los sob a condição de que fossem distribuídos entre vários países.

Várias cidades alemãs e italianas se ofereceram para acolher esses migrantes como um gesto humanitário. O prefeito de Nápoles, Luigi De Magistris, disse que se encarregaria das operações de desembarque.

"Os ministros europeus ainda estão negociando o destino de 32 seres humanos. São patéticos", disse Sea-Watch.

A ONG lançou um apelo aos "países europeus, começando com Malta e Itália, para dar a esses migrantes um refúgio seguro, conforme previsto pelo direito internacional".

A Médicos Sem Fronteiras (MSF) denunciou por sua vez "o tratamento degradante e sem qualquer justificativa" que lhes foi dado.

Centenas de imigrantes enfrentaram essa situação desde que o novo governo italiano decidiu fechar seus portos, medida também adotada pelo governo de Malta.

Cerca de 113.482 migrantes cruzaram o Mediterrâneo no ano passado em busca de um futuro melhor, e 2.262 morreram no mar, segundo dados da Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).

IDE-kv/age/mr