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Parlamento de Londres debate acordo do Brexit após revés de May

09/01/2019 12h42

Londres, 9 Jan 2019 (AFP) - O Parlamento britânico inicia, nesta quarta-feira (9), cinco dias de tensos debates sobre o acordo do Brexit apresentado pela primeira-ministra Theresa May, que na véspera sofreu um novo revés dos deputados determinados a evitar uma saída abrupta da UE.

Após ser adiada em dezembro pelo Executivo, temendo uma derrota estrondosa, a histórica votação, que deve decidir sobre uma das legislações mais importantes para o país nos últimos 50 anos, foi marcada para 15 de janeiro.

Até lá, os ministros de May se esforçarão para acalmar as preocupações de diversos - da oposição e da maioria governamental - que se opõem ao texto, fruto de 17 meses de árduas negociações com Bruxelas.

Os eurocéticos denunciam concessões "inaceitáveis" à União Europeia (UE), enquanto os pró-europeus tentam voltar algumas casas e continuar no bloco.

A sessão desta quarta-feira será aberta com a intervenção do ministro para o Brexit, o eurocético Stephen Barclay.

Antes, contudo, a chefe de governo compareceu na Câmara dos Comuns para a habitual sessão semanal de perguntas dos deputados.

"A primeira-ministra não está trazendo outra vez exatamente o mesmo acordo que admitiu que seria rejeitado há algumas semanas?", questionou o líder da oposição, o trabalhista Jeremy Corbyn.

"Temos um bom acordo na mesa e estamos buscando esclarecimentos" da UE para tranquilizar os deputados, respondeu May, lembrando que desde meados de dezembro estão em contato com diferentes líderes europeus.

"Essas negociações continuarão nos próximos dias", acrescentou a premiê, garantindo que apresentará novas garantias "antes de a Câmara votar o fim deste debate".

Seu governo começou, assim, a publicar nesta quarta uma série de medidas para dar mais voz à Irlanda do Norte na aplicação do controverso "backstop", voltado para evitar um fronteira dura com a República da Irlanda - o principal ponto de conflito do acordo negociado com Bruxelas.

- Temor de Brexit sem acordo -Antes do início do debate, deputados de diferentes partidos preveem apresentar uma moção. Caso seja aceita, procura obrigar o governo a apresentar um plano B no prazo de três dias, se o acordo for rejeitado na terça. Atualmente, esse prazo é de 21 dias.

A menos de três meses da data do Brexit, 29 de março, os deputados tentam impedir que o governo "perca tempo", colocando o Parlamento diante do dilema de aprovar seu texto, ou condenar o país a uma saída da UE sem acordo, de consequências caóticas.

Os legisladores ainda teriam a possibilidade de apresentar emendas e um eventual plano B, o qual iria da convocação de um segundo referendo até a possibilidade de se descartar o risco de um Brexit sem acordo.

Justamente para impedir esta última opção, na noite desta terça, 303 deputados - contra 296 - aprovaram uma emenda à Lei de Finanças que dificultaria, na via fiscal, a implementação das medidas necessárias para uma saída brutal da UE.

Diante da proximidade da data do Brexit e da previsão de que o acordo negociado por May será rejeitado, cresce também a especulação sobre a possibilidade de pedir um adiamento à UE.

"Estamos convencidos de que Theresa May pedirá um adiamento após a rejeição do acordo no Parlamento britânico, mas ela não diz, nem publicamente, nem em seus contatos com interlocutores europeus", disse à AFP uma fonte diplomática em Bruxelas.

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