Partido Cidadãos entra para o poder na Espanha com o apoio da extrema direita
Madri, 10 Jan 2019 (AFP) - O partido Cidadãos chegou, enfim, ao poder na Espanha, junto com problemas. Depois de anos prometendo reformas, esta formação de visão liberal governará a Andaluzia juntamente com o Partido Popular, embora com o apoio desconfortável da extrema direita.
Em virtude dos anúncios feitos na quarta-feira, Cidadãos dividirá com os conservadores do PP o Executivo da região mais populosa do país. Será a primeira vez que este partido assume responsabilidades de governo na Espanha.
Esta foi a conclusão de um mês e meio de tortuosas negociações, em que o PP primeiro concluiu um acordo em 90 pontos com o Cidadãos, e outro de investidura com o Vox, que não entrará no Executivo regional. O objetivo é articular uma maioria para encerrar 36 anos de governo socialista.
Cidadãos garante que os contatos do PP com a extrema direita não irá afetá-lo, e nesta quinta-feira prosseguia com o seu exercício de justificativa, ignorando o outro pacto.
"Não me diz respeito este acordo [entre PP e Vox], porque eu não o assinei e nem sequer discuti", declarou ao canal Telecinco o líder do partido, Albert Rivera.
Este partido, que desde 2014 diz querer regenerar a política espanhola com uma agenda liberal em termos econômicos e progressista no social, apoiou até agora governos regionais tanto do PP quanto do PSOE, neste último caso na Andaluzia, na última legislatura.
Em 2016, Rivera apoiou, sem sucesso, o socialista Pedro Sánchez em sua primeira tentativa de se tornar presidente do governo da Espanha, antes de declarar apoio, meses depois, ao conservador Mariano Rajoy.
- Negociação indireta -Durante as negociações, Vox causou indignação ao defender a supressão da lei contra a violência de gênero, considerando-a "ideológica" e prejudicial aos homens.
Este ponto não entrou no acordo com o PP, mas fez do Cidadãos alvo de críticas.
"O que está muito claro é que é uma negociação indireta", que ocorreu entre Cidadãos e Vox, explicou à AFP Jean Baptiste Harguindeguy, cientista político da Universidade Pablo de Olavide de Sevilha.
"O trabalho sujo foi feito pelo PP", mas juntos "as pessoas interpretam quase como um futuro governo tripartido", diz ele.
A manobra significa uma guinada para os Cidadãos, sustenta o analista José Ignacio Torreblanca, que acredita que este partido "entra em um política de blocos, para formar blocos de centro-direita, com algumas ligações perigosas".
O problema com essa inclinação à direita é que Pedro Sánchez poderá "agora reivindicar o centro-liberal", espaço reivindicado por Rivera, acrescenta Torreblanca, chefe do escritório em Madri da do think tank europeu ECFR.
Fundado em 2006 como uma formação no âmbito catalão para combater a hegemonia do nacionalismo na região, Cidadãos saltou para a política espanhola oito anos depois.
Desde então, conquistou assentos na maioria dos parlamentos regionais, entrou no Parlamento, se tornou a quarta força política a nível nacional e até mesmo ganhou as eleições em 2017, na Catalunha, embora não tenha sido capaz de governar por falta de maioria contra os separatistas.
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