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Rebeldes usam drone em ataque espetacular contra exército no Iêmen

10/01/2019 11h09

Base aérea de Al Anad, Yémen, 10 Jan 2019 (AFP) - Os rebeldes huthis no Iêmen lançaram um ataque espetacular de drones contra o Exército no sul do país nesta quinta-feira, logo após os pedidos da ONU por "progressos substanciais" em direção à paz.

Anunciado em grande estilo pela mídia insurgente, o ataque, que abala o processo de paz estabelecido no mês passado sob a supervisão da ONU, deixou seis soldados mortos e 12 feridos, incluindo oficiais e autoridades provinciais, segundo um hospital local.

Em um vídeo feito por um cinegrafista da AFP, um drone é visto se aproximando em alta velocidade sobre um pódio onde oficiais e autoridades provinciais estavam se preparando para acompanhar um desfile militar.

O ataque ocorreu na base aérea de Al Anad (na província de Lahj), a maior do Iêmen, usada no passado por forças especiais dos Estados Unidos para atacar os jihadistas da Al-Qaeda.

Alguns dos presentes pensaram inicialmente que se tratava de um drone que iria registrar a parada militar.

Mas ao chegar ao pódio, onde havia um retrato do presidente Abd Rabbo Mansur Hadi, o dispositivo explodiu e se tornou uma bola de fogo, projetando fragmentos em todas as direções.

Um soldado ferido caiu diante da plataforma e era possível um civil, com uma câmera e que parecia ser um jornalista, caído em uma poça de sangue.

- Reunião de invasores -"Uma reunião de invasores e mercenários foi alvo de um drone com precisão", afirmou o centro de informação de Ansarullah, o movimento político dos rebeldes, no Twitter.

A agência Saba, por sua vez, falou de "muitos mortos e feridos entre os militares leais ao governo".

O ataque poderia ter eliminado os líderes do exército do presidente Hadi, o chefe do Estado-Maior do Exército, general Abdullah Al Nakhi, seu vice, Saleh Zendani, e o comandante da 4ª zona militar que abrange as províncias do sul, Fadel Hassan, além do governador da província de Lahj, Ahmed Abdalá Turki, todos presentes no local.

Segundo o hospital Ibn Khaldoun, em Huta, capital da província de Lahj, todas essas autoridades, exceto o chefe de gabinete, estão entre os feridos. No momento, nenhuma informação foi divulgada sobre o estado do general Abddulah Al Nakhi.

Este ataque ocorreu no dia seguinte a um telefonema do enviado da ONU para o Iêmen, Martin Griffiths, pedindo aos beligerantes "progresso substancial" para avançar nos esforços de paz, seguindo os acordos alcançados na Suécia em dezembro. O emissário destacou que 80% da população está à beira da fome.

A base de Al-Anad foi ocupada pelos rebeldes huthis, que contam com o apoio do Irã, durante seu avanço para o sul do Iêmen em 2015, mas as forças pró-governo, apoiadas pela Arábia Saudita, conseguiram expulsá-los este ano.

A ONU conseguiu avançar com o processo para o fim do conflito em 13 de dezembro, após oito dias de negociações na Suécia entre o governo de Hadi e os rebeldes huthis.

Após este acordo, uma trégua entrou em vigor em 18 de dezembro na cidade portuária de Hodeida, com o compromisso de retirada dos combatentes daquela área, sob a supervisão de uma missão de observação da ONU.

Os beligerantes também concordaram com uma troca de prisioneiros, que ainda não foi realizada, e com medidas para reduzir o bloqueio imposto à cidade de Taez, sitiada pelos rebeldes no sudoeste do país.

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