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'Nunca trabalhei para a Rússia', assegura Trump

14/01/2019 20h02

Washington, 14 Jan 2019 (AFP) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta segunda-feira (14) que "nunca trabalhou para a Rússia", negando informações divulgadas pela imprensa que geraram dúvidas sobre os seus vínculos com seu homólogo russo, Vladimir Putin.

"Nunca trabalhei para a Rússia", declarou o presidente a jornalistas na Casa Branca. "Acho que é uma vergonha fazerem essa pergunta para mim", acrescentou.

As declarações, feitas antes de embarcar no helicóptero Marine One em direção a Nova Orleans, têm como contexto a publicação de dois relatos explosivos.

O Washington Post reportou que o presidente não informou aos seus colaboradores mais próximos o conteúdo de suas conversas privadas com Putin.

O New York Times, por sua vez, revelou que o FBI abriu uma investigação para determinar se agiu em favor da Rússia ao demitir o diretor dessa agência de investigação em 2017.

Ainda segundo o Times, essa investigação da Polícia Federal americana se fundiu rapidamente com a do procurador especial Robert Mueller sobre as suspeitas de conluio entre Moscou e a equipe de campanha do então candidato republicano.

"As pessoas que lançaram essa investigação (...) o fizeram, imagino, porque eu demiti (James) Comey (ex-diretor do FBI), o que foi uma decisão excelente para o nosso país", disse Trump nesta segunda.

Sobre as informações divulgadas pelo Post, segundo as quais teria tentado ocultar detalhes de suas conversas com Putin, afirmou nesta segunda: "Não sei absolutamente nada, são muitas notícias falsas", acrescentando que ele teve essas reuniões "cara a cara com todos os líderes".

"Tenho relações com quase todo o mudo e isso é algo bom, não ruim", explicou.

Mas os últimos acontecimentos colocam em evidência que o presidente não consegue fugir da sombra da Rússia.

Citando responsáveis do governo antigos e atuais, o Washington Post afirmou que não há nenhum relatório detalhado dos contatos que Trump teve com Putin em cinco lugares diferentes ao longo dos últimos dois anos.

Após um desses encontros, em 2017, na cidade alemã de Hamburgo, o republicano teria pego as notas de seu intérprete e pedido a ele que não divulgasse o conteúdo da conversa a outros membros de sua administração.

E o Congresso, onde os democratas controlam a Câmara de Representantes, pode se apropriar dessa delicada questão.

"No ano passado tentamos obter as notas, ou o depoimento do intérprete, sobre o encontro de Trump com Putin. Os republicanos votaram 'não'. Ficariam do nosso lado hoje?", tuitou Adam Schiff, chefe do Comitê de Inteligência da Câmara, fazendo alusão à reunião particular de ambos os líderes em Helsinque.

A Casa Branca mantém a postura de que Trump está sendo perseguido por um FBI politizado, e o presidente, que nega categoricamente um conluio com a Rússia, regularmente critica a investigação de Mueller.

Mas os democratas, e até mesmo alguns republicanos, consideram que o governo é curiosamente favorável às políticas russas.

"Como disse: uma marionete", tuitou Hillary Clinton, peso-pesado democrata derrotada por Trump em 2016. Referia-se a uma acusação que fez durante um debate com o republicano, quando assegurou que Putin preferiria "uma marionete" na Casa Branca.

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