Theresa May luta para salvar acordo do Brexit fadado ao fracasso

Em um último esforço para salvar seu controverso acordo do Brexit, a primeira-ministra britânica, Theresa May, anunciou que a UE quer evitar a aplicação do ponto mais conflituoso do texto - mas dificilmente isso vai livrá-la de uma derrota retumbante na terça-feira (15).
Seu governo publicou, nesta segunda-feira, uma carta de Bruxelas destinada a acalmar as preocupações dos deputados, especialmente sobre seu aspecto mais difícil: o denominado "backstop", um mecanismo complexo criado para evitar uma fronteira dura na ilha da Irlanda.
O bloco "não quer que o 'backstop' entre em vigor", afirmam o presidente do Conselho da UE, Donald Tusk, e o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker.
"Essas conclusões têm força legal", garantiu May à tarde ante os deputados britânicos, que devem votar nesta terça o documento de 585 páginas, fruto de 17 meses de árduas negociações com Bruxelas. O texto detalha as condições da saída do Reino Unido da UE, prevista para o próximo 29 de março.
Essa é uma das legislações mais importantes apresentadas ao país nos últimos 50 anos, e tudo parece indicar que será rejeitado de forma retumbante: o texto desagrada tanto aos eurocéticos, para quem faz concessões excessivas à UE, como aos pró-europeus, que querem frear o processo e permanecer no bloco.
'Não muda nada'
O impacto das novas garantias de Bruxelas parece ser muito limitado.
O pequeno partido norte-irlandês DUP, aliado-chave do qual a maioria parlamentar de May depende, alertou que essas garantias não são suficientes para superar a rejeição ao acordo.
"Não se enganem, esta carta não muda nada. As palavras calorosas da UE, que sem dúvida a primeira-ministra utilizará para tentar fazer os deputados apoiarem seu acordo de Brexit, não contribuem em nada para resolver o problema da fronteira irlandesa", afirmou Tom Brake, porta-voz do Partido Liberal-Democrata, de centro,
"Sei que (a carta) não vai tão longe quanto alguns deputados gostariam", havia admitido May em um discurso nesta manhã a operários de uma fábrica em Stoke-on-Trent. No centro da Inglaterra, essa cidade votou majoritariamente a favor do Brexit no referendo de junho de 2016, no qual o país decidiu por 52% acabar com 45 anos de integração europeia.
May disse esperar, contudo, que isso acalme o debate, ao mesmo tempo que lançou uma advertência ao Parlamento: "Todos temos o dever de cumprir o resultado do referendo".
"A confiança das pessoas no processo democrático e em seus políticos sofreria um dano catastrófico" se o Reino Unido não deixar o bloco, insistiu.
'Ganhar tempo'
Diante dos sinais de rejeição ao acordo na terça, a primeira-ministra enfrente pressão para pedir a Bruxelas um adiamento do Brexit para depois do fim de março.
Ante a Câmara dos Comuns, May disse não acreditar "que a data de 29 de março deva ser adiada", contudo, cada vez mais fontes europeias apontam nesta direção.
"Caso não haja acordo, existe a possibilidade de continuar buscando-o. É possível também que os prazos sejam prorrogados, que continue se discutindo", disse em Madri o chefe da diplomacia espanhola, Josep Borrel.
"Gostaríamos que a votação de amanhã fosse favorável" ao acordo, "mas se não for o caso, cabe ao Reino Unido fazer petições e propostas" à UE, afirmou um assistente do presidente francês, Emmanuel Macron.
Mais de 100 deputados do Parlamento Europeu já prometeram respaldar o governo de Londres caso seja pedido um adiamento da data do Brexit para alcançar uma solução para um dos maiores desafios políticos de sua história recente.
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