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Candidato a procurador-geral dos EUA nega que investigação russa seja 'caça às bruxas'

15/01/2019 15h04

Washington, 15 Jan 2019 (AFP) - O candidato a procurador-geral dos Estados Unidos do presidente Donald Trump, Bill Barr, negou nesta terça-feira (15) que a investigação sobre um possível conluio eleitoral com a Rússia seja uma "caça às bruxas", contradizendo o chefe de Estado.

"Não acho que o senhor Mueller esteja envolvido em uma caça às bruxas", disse Barr, em referência a Robert Mueller, o procurador especial que lidera a investigação, muito criticada por Trump.

Barr fez o comentário ao ser interrogado pela Comissão Judicial do Senado no primeiro dia de audiências para a sua confirmação no cargo depois de ser indicado pelo presidente para comandar o Departamento de Justiça.

Diante do Senado, Barr está sob pressão para garantir a proteção da investigação de Mueller sobre a trama russa, que já dura 20 meses, de qualquer interferência de Trump.

A oposição democrata sugeriu que Trump escolheu Barr, que já atuou como procurador-geral entre 1991-1993, para que este o proteja da investigação de Mueller.

As investigações de Mueller buscam determinar se a campanha eleitoral de Trump em 2016 conspirou com agentes russos para prejudicar a adversária democrata, Hillary Clinton, e se, já na presidência, o presidente obstruiu essa investigação.

Antes de ser indicado, em dezembro, Barr escreveu uma nota que apresentou ao Departamento de Justiça e à Casa Branca, incluindo os advogados particulares de Trump, argumentando que a demissão por Trump em maio de 2017 do então diretor do FBI, James Comey, não constituía obstrução à Justiça com relação à investigação da trama russa.

"Sua nota também mostra uma visão ampla da autoridade presidencial e um esforço decidido, pensei, para socavar Bob Mueller", declarou a senadora Dianne Feinstein, principal democrata na Comissão Judicial.

"O procurador-geral deve estar disposto a resistir à pressão política e se comprometer em proteger essa investigação", acrescentou.

Espera-se que a comissão - de maioria republicana - confirme Barr, mas os democratas aproveitavam a ocasião para extrair promessas do candidato de que defenderá Mueller da interferência da Casa Branca e tornará públicas as conclusões que surgirem da investigação.

O presidente da comissão, o republicano Lindsey Graham, abriu a audiência com uma forte crítica aos funcionários do Departamento de Justiça e do FBI que participaram do lançamento da investigação sobre a trama russa, fazendo eco da acusação de Trump de que eram "corruptos".

"Estamos confiando em você para fazer uma limpeza", disse Graham.

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