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Novo emissário da ONU para a Síria chega Damasco

15/01/2019 11h35

Damasco, 15 Jan 2019 (AFP) - O novo emissário da ONU para a Síria, Geir Pedersen, chegou a Damasco nesta terça-feira para fazer sua primeira visita ao país após sua nomeação e tentar relançar as discussões de paz.

O diplomata norueguês, que assumiu o cargo em 7 de janeiro substituindo o italiano-sueco Staffan de Mistura, é o quarto mediador da ONU desde o início da guerra na Síria em 2011.

De Mistura serviu como mediador entre julho de 2014 e dezembro de 2018, um período marcado pela ascensão meteórica do grupo jihadista Estado Islâmico (EI), bem como a sucessiva reconquista do território pelo governo sírio a partir da intervenção militar russa em 2015.

Antes de sua partida, o diplomata reconheceu perante o Conselho de Segurança sua incapacidade de formar um comitê encarregado de redigir uma nova Constituição para a Síria.

Pedersen sucede a três enviados especiais da ONU, cujos esforços para acabar com o conflito na Síria acabaram falhando.

Em agosto de 2012, o então secretário-geral da ONU, Kofi Annan, renunciou a sua posição como mediador após cinco meses de esforços infrutíferos e, em seguida, criticou a falta de apoio das grandes potências a sua missão.

Ele foi então substituído pelo ex-ministro das Relações Exteriores da Argélia, Lakhdar Brahimi, que jogou a toalha em menos de dois anos no cargo.

A guerra na Síria deixou mais de 360.000 mortos e milhões de deslocados desde 2011.

Ao longo dos anos, o conflito se tornou mais complexo, com o envolvimento de potências estrangeiras e grupos extremistas islâmicos, num país muito fragmentado, complicando a tarefa dos enviados especiais da ONU.

Além disso, as negociações organizadas pela ONU foram ofuscadas por um processo paralelo, o de Astana, lançado pela Rússia e pelo Irã - aliados do presidente Bashar Al-Assad - e a Trurquia, que apoia os rebeldes.

Essas três potências assumiram a frente do assunto.

Pedersen, de 63 anos, vai se reunir em Damasco com autoridades sírias, mas nenhum programa oficial de sua visita foi divulgado. O diplomata informou no Twitter que espera "reuniões produtivas".

Ele integrou a equipe norueguesa envolvida nas negociações secretas que levaram à assinatura dos acordos de Oslo, em 1993, entre Israel e os palestinos.

Logo após o anúncio de sua nomeação, Damasco declarou que "a Síria vai cooperar com o novo enviado da ONU (...) desde que se afaste dos métodos de seu antecessor", segundo palavras do vice-ministro das Relações Exteriores, Fayçal Mokdad.

Os opositores do presidente Assad minimizaram, por sua vez, o impacto da nova nomeação, denunciando a falta de vontade real e de consenso internacional para encontrar uma solução política para o conflito.

Pedersen ainda não mencionou publicamente sua missão ou qual será a sua abordagem.

Seu antecessor anunciou em outubro sua renúncia por "razões puramente pessoais", encerrando quatro anos de esforços malsucedidos, coroados pelo fracasso em formar um comitê para desenvolver uma nova constituição para a Síria.

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