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Quênia: ataque a complexo hoteleiro termina após 20h e deixa 15 mortos

16.jan.2019 - Mulher é resgatada durante ataque terrorista em um complexo hoteleiro em Nairóbi, no Quênia - LUIS TATO/AFP
16.jan.2019 - Mulher é resgatada durante ataque terrorista em um complexo hoteleiro em Nairóbi, no Quênia Imagem: LUIS TATO/AFP

Em Nairóbi

16/01/2019 10h35

As forças de segurança puseram fim, nesta quarta-feira (16), ao ataque do grupo islamita somali Al-Shabab contra um complexo hoteleiro de Nairóbi, após quase 20 horas de cerco que deixaram pelo menos 15 mortos.

"Posso confirmar a vocês que a operação de segurança no complexo de Dusit terminou há uma hora e que todos os terroristas foram liquidados", declarou o presidente do Quênia, Uhuru Kenyatta, em entrevista coletiva.

"Até o momento, temos 15 mortos, entre eles estrangeiros", informou uma fonte policial que pediu para não ser identificada.

Ainda não se sabe o número total de extremistas envolvidos.

As imagens do circuito interno de segurança divulgadas pela imprensa local mostram quatro homens equipados com armas automáticas e granadas entrando no estabelecimento. Pelo menos um extremista detonou seus explosivos no início dos ataques.

Imagens mostram homens armados entrando em complexo de hotéis em Nairóbi

AFP

A fonte policial afirmou ainda que dois agressores foram mortos na manhã desta quarta-feira em uma troca de tiros.

O presidente Kenyatta elogiou o trabalho das forças de segurança quenianas. "Mais de 700 civis foram retirados do complexo desde o início do ataque até as primeiras horas da manhã", afirmou.

Uma fonte do necrotério local fez referência a 15 corpos: 11 quenianos, um americano, um britânico e outras duas pessoas de nacionalidades ainda ignoradas.

Parentes das vítimas se reuniram perto do necrotério, mas não foram autorizados a ver os corpos.

"Minha irmã não está em nenhum hospital, e da última vez que nos falamos, ela de repente começou a chorar e a gritar, e eu pude ouvir tiros", lamentou uma mulher chamada Njoki. "Não temos dúvida. O corpo dela deve estar aqui", completou.

Ataque coordenado

O ataque foi reivindicado pelos radicais somali Al-Shabab. O modus operandi se assemelha a outros ataques realizados pelos extremistas em Mogadíscio: uma bomba explode (por meio de um suicida ou de um carro-bomba) e um comando entra no prédio alvo para matar o maior número possível de pessoas.

De acordo com o chefe de polícia queniano, Joseph Boinnet, este ataque coordenado contra o complexo Dusit começou com uma forte explosão, ouvida a mais de cinco quilômetros de distância. Depois, houve muitos disparos.

A brigada antiterrorista chegou rapidamente ao local com um veículo blindado. Um fotógrafo da AFP viu os cadáveres de cinco pessoas na área externa de um restaurante do complexo. Não muito longe, ele também viu o corpo de um homem-bomba que se explodiu.

Em um comunicado divulgado em Nova York, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, "condenou veementemente" o ataque, descrito como "covarde" pelo presidente da Comissão da União Africana, Mussa Faki.

Não é a primeira vez que o país vive um ataque tão violento.

Em 7 de agosto de 1998, um ataque reivindicado pela Al-Qaeda contra a embaixada dos Estados Unidos em Nairóbi deixou 213 mortos e 5.000 feridos.

E, desde que as Forças Armadas quenianas foram mobilizadas, em outubro de 2011, na Somália para combater os islamitas shebab, o Quênia passou a ser regularmente atacado.

Em 21 de setembro de 2013, um comando islamista atacou o shopping center Westgate em Nairóbi. A operação para pôr fim ao ataque durou 80 horas e deixou 67 mortos.

Em 2 de abril de 2015, um comando matou 148 pessoas na Universidade de Garissa, a maioria estudantes.

Expulsos de Mogadíscio em 2011, os shebabs perderam grande parte de suas fortalezas. Eles continuam, porém, a controlar importantes setores rurais, de onde lançam operações de guerrilha e ataques suicidas, inclusive contra a capital, o governo, a segurança ou contra alvos civis.

O governo da Somália tem o apoio da comunidade internacional e dos cerca de 20 mil membros da União Africana na Somália (Amisom), que conta com elementos do Quênia.

Este ataque ocorre três anos após a operação contra a base queniana da Amisom de El Adde, no sul da Somália.

Os shebabs alegaram terem matado 200 soldados quenianos.