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Bolsonaro promete 'fazer tudo' pela Venezuela ao receber opositores

17/01/2019 22h44

Brasília, 18 Jan 2019 (AFP) - O presidente Jair Bolsonaro se comprometeu nesta quinta-feira "a fazer tudo" para restaurar a democracia na Venezuela, ao receber em Brasília líderes da oposição venezuelana e representantes de Estados Unidos e OEA.

Em mais um passo de sua crescente pressão sobre o governo de Nicolás Maduro, o líder brasileiro recebeu no Palácio do Planalto Miguel Ángel Martín, presidente do Tribunal Supremo da Venezuela no exílio, órgão nomeado pelo Parlamento, controlado pela oposição.

"Faremos tudo para que a democracia na Venezuela seja restabelecida e para que vocês possam viver em liberdade (...). Acredito que a solução chegará em breve", disse Bolsonado durante o encontro, que contou com a participação de Gustavo Cinosi, assessor do secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, e do chanceler brasileiro, Ernesto Araújo.

O chanceler Araújo também recebeu em audiência outros líderes opositores venezuelanos, entre eles Julio Borges, ex-presidente do Parlamento venezuelano exilado na Colômbia, e Antonio Ledezma, ex-prefeito de Caracas instalado em Madri após escapar da prisão domiciliar na Venezuela em 2017.

Após a reunião, na qual estiveram presentes representantes do grupo de Lima e diplomatas americanos, o Itamaraty emitiu um comunicado dando a entender que o Brasil apoiará uma "presidência interina" de Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional, único poder controlado pela oposição na Venezuela.

"O Brasil fará tudo para ajudar o povo venezuelano a voltar a viver em liberdade e a superar a catástrofe humanitária que hoje atravessa".

Guaidó se declarou disposto a liderar um governo de transição que convoque eleições, alegando que a Constituição o faculta a preencher o atual vácuo no poder na Venezuela.

O novo mandato de Maduro (2019-2025), iniciado na quinta-feira passada, não é reconhecido por Estados Unidos, União Europeia e vários países da América Latina, que integram o Grupo de Lima, alegando que as últimas eleições foram viciadas.

Os líderes opositores agradeceram o novo papel assumido por Bolsonaro e pediram que reconheça Guaidó como presidente legítimo, para que possa convocar eleições livres.

"Pedimos que sejam reconhecidos não apenas a Assembleia Nacional e o Tribunal Supremo de Justiça no exílio, mas que se saiba que Juan Guidó é o presidente constitucional temporário da Venezuela", declarou Ledezma.

O ex-prefeito pediu aos países da região que aprovem novas sanções contra funcionários do governo que integram a "camarilha madurista", e garantiu que este novo processo de transição não será "interrompido" por "falsos processos de diálogo".

Borges declarou que o governo Maduro está em "descalabro" e explicou que os países poderão adotar medidas relacionadas à "lavagem de dinheiro, corrupção e violação dos direitos humanos".

Sobre uma eventual intervenção militar na Venezuela, Borges recordou que a oposição sempre preferiu o "caminho da pressão e das sanções", e que foi Maduro que optou pelo "caminho da violência".

Segundo Maduro, Estados Unidos está coordenando um complô para gerar incidentes armados nas fronteiras da Venezuela com Brasil e Colômbia visando justificar uma intervenção militar.

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