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Papa suprime comissão encarregada do diálogo com lefebvristas

19/01/2019 16h02

Cidade do Vaticano, 19 Jan 2019 (AFP) - O Papa Francisco decidiu suprimir a comissão pontifícia encarregada do diálogo com a Fraternidade Sacerdotal São Pio X (FSSPX), fundada em 1970 pelo monsenhor Lefebvre, o que representa uma nova etapa no diálogo com esta comunidade de religiosos tradicionalistas em ruptura com Roma.

Com uma carta apostólica de 17 de janeiro divulgada neste sábado pela Santa Sé, o Papa Francisco anuncia que "a Comissão pontifícia Ecclesia Dei foi suprimida".

O Papa indica que as competências da comissão "são destinadas integralmente à Congregação para a Doutrina da Fé (CDF), guardiã do dogma da Igreja Católica e herdeira da Inquisição.

A carta apostólica assinala, ainda, que uma seção será criada na CDF para dar continuidade "à obra de vigilância, promoção e tutela" conduzida até agora pela Comissão Ecclesia Dei.

Criada por João Paulo II em 1988, a Comissão Ecclesia Dei tinha como objetivo principal iniciar um diálogo com os lefebvristas, para alcançar a sua plena reintegração à Igreja Católica.

Fundada em 1970 por Marcel Lefebvre (1905-1991), a FSSPX distanciou-se rapidamente da Santa Sé, negando-se a "seguir a Roma de tendência neomodernista e neoprotestante" nascida, segundo a FSSPX, do concílio Vaticano II (1962-1965).

Seus membros rejeitaram diversas reformas litúrgicas aprovadas na época, como o abandono do uso do latim nas missas em benefício das línguas locais, ou a celebração da missa de frente para o auditório.

A ruptura foi consumada em junho de 1988, quando Lefebvre consagrou quatro bispos sem a autorização de João Paulo II, um gesto punico com a excomunhão.

O Papa Francisco justificou sua decisão com o fato de que os trabalhos da Comissão Ecclesia Dei estão dedicados agora fundamentalmente "à natureza doutrinária", e que as comunidades que celebram missas na forma tradicional do rito romano alcançaram certa estabilidade.

Os lelefebvristas têm pouca influência na Igreja, contando com cerca de 600 sacerdotes - dos quais um quarto na França - de um total de 400 mil em todo o mundo.

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