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Negociações sobre projeto imobiliário de Donald Trump em Moscou se estenderam até comícios de 2016

20/01/2019 17h41

Washington, 20 Jan 2019 (AFP) - As conversas com a Rússia sobre um projeto imobiliário de Donald Trump em Moscou se estenderam durante toda a campanha eleitoral de 2016, muito depois do que, a princípio, o presidente americano havia admitido, disse neste domingo seu advogado, Rudy Giuliani, ex-prefeito de Nova York.

As conversas de Trump com seu então advogado pessoal, Michael Cohen, que liderava as negociações em Moscou, prolongaram-se até outubro ou novembro de 2016.

"Segundo entendemos, as conversas aconteceram ao longo de 2016. Não foram muitas, mas houve conversas", disse Giuliani em entrevista à rede NBC. "Não estou certo das datas exatas, mas o presidente lembra ter conversado com Cohen a respeito.

Cohen, condenado a três anos de prisão por uma série de crimes, declarou-se culpado por ter mentido ao Congresso em 2017, quando testemunhou que as negociações sobre o projeto de uma Trump Tower em Moscou haviam terminado em janeiro de 2016. Em seguida, admitiu que as mesmas haviam se estendido até junho de 2016, quando Trump já se preparava para ser indicado como candidato à presidência pelo Partido Republicano.

As declarações de Giuliani estendem a linha do tempo até as eleições presidenciais de novembro. O projeto se tornou alvo de escrutínio porque Trump negou a existência de negociações comerciais com Moscou. Em seguida, reconheceu que Cohen havia tentado um acordo com os russos em 2016, mas insistiu em que não havia nada de errado em buscar oportunidades de negócios enquanto se candidatava à presidência.

Giuliani indicou que Trump havia respondido a todas as perguntas sobre o projeto imobiliário em Moscou feitas pelo procurador especial Robert Mueller, que investiga se a campanha eleitoral de Trump conspirou com um esforço russo para influenciar as eleições de 2016 em favor do republicano, bem como uma possível obstrução da Justiça pelo presidente.

Segundo Giuliani, o papel de Trump nas negociações com Moscou sobre o projeto foi passivo, uma vez que ele estava muito ocupado com a corrida pela Casa Branca. "Era Michael Cohen que levava adiante o projeto", afirmou em outra entrevista, à rede de TV CNN. Trump estava "ocupado 18 horas por dia com isto. Se podia dedicar um minuto do dia a este tema, era muito", insistiu.

Cohen deve testemunhar diante da Comissão de Supervisão da Câmara dos Deputados no próximo dia 7 de fevereiro.

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