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Ataque talibã contra base militar deixa 65 mortos no Afeganistão

22/01/2019 12h03

Ghazni, Afeganistão, 22 Jan 2019 (AFP) - Pelo menos 65 pessoas morreram no atentado de segunda-feira (21), reivindicado pelos talibãs, contra uma base da Inteligência militar no centro do Afeganistão - afirmou uma autoridade provincial nesta terça.

Um veículo de transporte de tropas do Exército afegão, um Humvee roubado e "cheio de explosivos", explodiu na entrada deste centro de formação em Maidan Shar, capital da província de Wardak.

"Depois, três homens (a bordo de) um veículo que seguia o Humvee entraram no acampamento", detalhou Abdul Wahid Akbarzai, membro do conselho provincial.

Na sequência, explodiu um tiroteio, e os três agressores morreram. A maioria das vítimas se deu com "o desabamento de parte de um edifício, após a forte explosão", informou o chefe do conselho provincial Akhtar Mohamad Tahiri, acrescentando que os invasores usavam uniformes dos serviços de Inteligência.

Os talibãs reivindicaram o ataque via WhatsApp.

"Tiramos 65 corpos dos escombros", declarou Mohamad Sardar Bakhyari, adjunto do chefe do conselho provincial de Wardak.

Uma fonte de segurança, que pediu para não ser identificada, disse à AFP que há "ao menos 70 mortos".

Alguns veículos de comunicação afegãos afirmam que mais de 100 pessoas morreram.

Moradores disseram ter ouvido uma "forte explosão".

"Vi fumaça negra", contou Sediqullah, morador de Maidan Shar, à AFP.

"A explosão quebrou as janelas dentro de casa", disse ele, acrescentando que alguns membros de sua família ficaram feridos.

- "Pesada perda" -Apesar das negociações de paz em andamento para tentar acabar com 17 anos de conflito, combates diários estão ocorrendo em muitas partes do país entre os insurgentes e as forças de segurança afegãs.

O ataque de segunda-feira representa "uma pesada perda", admitiu Tahiri.

"As forças de Inteligência estão muito mais bem equipadas e preparadas do que a polícia e o exército, que sofrem pesadas perdas", completou.

Em seus respectivos comunicados, os dois lados garantem inflingir pesadas derrotas ao inimigo, mas ainda é difícil analisar a situação geral.

O governo afegão decidiu não divulgar as perdas sofridas e nem sempre é considerado credível quando informa suas operações armadas.

No final de 2018, o presidente afegão, Ashraf Ghani, revelou que 30 mil soldados haviam sido mortos desde o início de 2015, quando as forças afegãs substituíram as tropas de combate da Otan lideradas pelos Estados Unidos.

O chefe da Aliança Atlântica, Jens Stoltenberg, declarou em dezembro sua "preocupação" com o alto número de baixas nas forças de segurança afegãs.

Com 14.000 homens, os Estados Unidos são o maior contingente de forças da Otan presentes no Afeganistão. No final de dezembro, porém, perdendo a paciência com esse interminável conflito, o presidente Donald Trump anunciou sua intenção de retirar metade de suas tropas.

Este último ataque com carro-bomba, depois do que matou sete seguranças de um governador provincial no domingo, ocorre no momento em que o enviado especial americano para a paz, Zalmay Khalilzad, realiza um giro regional que o levou à China, Índia, Afeganistão e Paquistão.

O Talibã também anunciou na segunda-feira que se reuniu com autoridades dos Estados Unidos no Catar, onde tem um escritório político.

As discussões devem continuar nesta terça, acrescentaram.

Washington não corroborou este encontro. A última reunião confirmada entre as duas partes foi realizada em Abu Dhabi, no final de 2018.