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Líderes reunidos em Davos defendem o multilateralismo

23/01/2019 16h56

Davos, Suíça, 23 Jan 2019 (AFP) - A alemã Angela Merkel, o japonês Shinzo Abe e o chinês Wang Qishan defenderam, nesta quarta-feira (23), em Davos, o multilateralismo contra o recuo protecionista em um dia em que os líderes latino-americanos irão abordar a situação da Venezuela.

"Eu peço a todos que retomem a confiança no sistema de comércio internacional", disse Shinzo Abe em um discurso, afirmando que Europa, Japão e Estados Unidos deveriam "unir forças" para revisar as regras do livre-comércio.

O primeiro-ministro japonês, cujo país preside o G20 este ano, quer "recuperar o otimismo" em um contexto pessimista em Davos, devido à desaceleração da economia chinesa e aos atritos comerciais.

Após as palavras de Abe, a chanceler alemã Angela Merkel fez uma defesa metódica do multilateralismo, uma ideia rejeitada líderes como Donald Trump e Jair Bolsonaro, que neste ano foi ao Fórum para apresentar o seu "novo Brasil".

O presidente brasileiro cancelou sem aviso prévio uma coletiva de imprensa marcada para esta quarta-feira com vários de seus ministros para "descansar", segundo uma fonte da Presidência.

Já o vice-presidente chinês, Wang Qisha, garantiu nesta quarta-feira em Davos que a China e os Estados Unidos são "indispensáveis um ao outro".

Ele também afirmou que o crescimento chinês, que caiu em 2018 a seu nível mais baixo em 30 anos, permaneceu "significativo", com 6,6%, e disse que esse número "não é baixo".

O Reino Unido tentou novamente tranquilizar o mundo econômico, apesar das incertezas sobre o Brexit.

Minimizando o impacto das decisões da Sony e da Dyson de retirar sua sede do Reino Unido, Liam Fox, ministro do Comércio Internacional Britânico, disse à AFP que o país "está aberto aos negócios e continua sendo um destino atraente para os investimentos estrangeiros diretos, mesmo durante o período de incerteza sobre o Brexit".

- Uma adolescente contra a mudança climática -Diante do discurso dominante em Davos, Greta Thunberg, uma adolescente sueca de 16 anos, invadiu o fórum na quarta-feira para pedir ação contra as mudanças climáticas.

"Não, eu não acho que as pessoas no poder agem ou fazem alguma coisa aqui. Por que eles fariam? Eles têm que agir (...) Eles sabem exatamente quais são os valores inestimáveis que sacrificaram para continuar ganhando quantias astronômicas", disse à AFP.

A chegada dessa jovem sueca, cujas ações contra as mudanças climáticas inspiram jovens de todo o mundo, não passou despercebida e foi aguardada por inúmeras câmeras e jornalistas.

Os países latino-americanos, com uma presença expressiva em Davos neste ano, continuam mantendo o protagonismo nesta quarta, sobretudo devido à situação da Venezuela - onde, nesta quarta, milhares de opositores e oficialistas se mobilizaram.

Está agendada para esta noite uma reunião a portas fechadas sobre a crise no país com a participação, entre outros, dos presidentes do Brasil (Bolsonaro), Colômbia (Iván Duque), Equador (Lenín Moreno) e Peru (Martín Vizcarra), bem como representantes de várias instituições internacionais.

"Eu espero que possamos dialogar profundamente sobre o que está ocorrendo na Venezuela, é claro, e que nós possam continuar trabalhando coordenadamente para que possa chegar ao fim a ditadura e haver uma transição bem-sucedida para a democracia", disse Duque nesta manhã em Davos.

O encontro tem por objetivo buscar uma "resposta global à crise humanitária da Venezuela", que levou milhões de venezuelanos ao exílio e representa um desafio humanitário e econômico para a região.

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