China afirma que detenção de australiano foi motivada por segurança nacional
Pequim, 24 Jan 2019 (AFP) - A China afirmou nesta quinta-feira que o escritor dissidente Yang Hengjun, naturalizado australiano, foi detido por suspeita de colocar em perigo a "segurança nacional", uma acusação utilizada recentemente em várias oportunidades contra cidadãos estrangeiros.
A detenção aconteceu em um momento de tensão entre Pequim e vários países ocidentais, como Canadá, Estados Unidos e Austrália. Dois canadenses foram detidos em dezembro sob acusações parecidas.
Yang Hengjun, de 53 anos, é um ex-diplomata chinês que se tornou escritor, blogueiro e defende a democratização da China. Ele foi detido pouco depois de uma rara viagem a seu país de origem na semana passada, procedente dos Estados Unidos.
"A agência municipal de Pequim da Segurança de Estado adotou recentemente medidas coercitivas e está investigando o cidadão australiano Yang Hengjun", afirmou Hua Chunying, porta-voz do ministério chinês das Relações Exteriores.
"É suspeito de atividades criminais que colocam em perigo a segurança nacional", completou.
Na China, os termos estão associados a acusações de espionagem.
O ministro australiano da Defesa, Christopher Pyne, que está em Pequim, afirmou que abordaria o caso com o seu colega chinês. Também indicou que Yang Hengjun está em "prisão domiciliar".
A ministra australiana das Relações Exteriores, Marise Payne, disse que diplomatas devem se reunir com as autoridades chinesas durante o dia para "esclarecer" a situação.
"Seguiremos nos comunicando com a China para que o caso seja tratado de maneira justa e transparente", completou.
Yang Hengjun adquiriu a nacionalidade australiana no ano 2000. Ele é autor de vários livros de espionagem e de um blog em mandarim muito acessado. Durante algum tempo foi considerado o blogueiro político chinês "mais influente".
Suas críticas ao governo chinês o transformaram em um alvo para as autoridades. Em 2011 desapareceu por alguns dias durante uma visita a China. Mais tarde afirmou que o "desaparecimento" era na verdade um mal-entendido.
As detenções em dezembro de dois canadenses - o ex-diplomata Michael Kovrig e o consultor Michael Spavor - foram consideradas pelo Ocidente represálias de Pequim após a detenção no Canadá de Meng Wanzhou, executiva do grupo chinês de telecomunicações Huawei.
"Tudo isto só reforça a ideia de que visitar a China não é seguro e que os serviços de segurança vão atacar cada vez mais as pessoas pelo que falam da China no exterior", alerta o sinólogo Bill Bishop.
A relação entre Pequim e Canberra é problemática há vários meses.
A Austrália anunciou em agosto que a Huawei seria excluída da rede 5G em seu território, alegando riscos para a segurança. Os dois países também travam uma batalha de influências no Pacífico.
Os amigos de Yang Hengjun expressaram preocupação quando ele não embarcou no avião que o levaria de Cantão, sul da China, a Xangai, em 19 de janeiro.
O grupo de defesa dos escritores PEN acusou a China de repressão contra os autores.
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