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Cinco repórteres estrangeiros detidos na Venezuela serão deportados

31/01/2019 16h34

Caracas, 31 Jan 2019 (AFP) - Três repórteres da agência espanhola EFE e dois jornalistas franceses detidos na Venezuela foram libertados nesta quinta-feira (31) e serão deportados nas próximas horas, informaram os meios de comunicação para os quais trabalham e fontes diplomáticas.

"Os três repórteres da agência EFE detidos na Venezuela, o espanhol Gonzalo Domínguez Loeda e os colombianos Maurén Barriga Vargas e Leonardo Muñoz, estão em processo de deportação", assinalou a agência no Twitter.

Pouco depois, os jornalistas franceses Pierre Caillé e Baptiste des Monstiers, do canal de TV francês TMC, foram libertados com ordem de deportação, anunciaram no Twitter a emissora e o embaixador da França em Caracas, Romain Nadal.

Sem mencionar as detenções, o chanceler venezuelano, Jorge Arreaza, disse que jornalistas estrangeiros entraram no país "sem cumprir previamente com a respectiva solicitação de permissão de trabalho" nos consulados.

"É incomum e irresponsável que meios de comunicação enviem jornalistas sem cumprir os requisitos mínimos prévios exigidos pela lei venezuelana para depois criar um escândalo midiático ao qual se somam seus governos. Outra faceta da operação midiática contra o país", escreveu Arreaza no Twitter nesta quinta-feira.

Caillé e Monstiers "estão bem e deixarão a Venezuela nas próximas horas", disse Nadal, detalhando que ambos os jornalistas estão "aliviados e um pouco cansados". Eles filmavam as imediações do Palácio presidencial de Miraflores quando foram detidos, na terça-feira.

Os jornalistas da EFE, que entraram na Venezuela em 24 de janeiro, foram presos na quarta-feira junto com um motorista venezuelano.

- Rechaço internacional -Muñoz foi detido quando se dirigia para a cobertura de uma manifestação convocada pelo autoproclamado presidente interino, Juan Guaidó.

Barriga e Domínguez, por sua vez, foram pegos por agentes do Serviço Bolivariano de Inteligência (Sebin) que os aguardavam no hotel onde estavam hospedados, havia indicado à AFP a diretora da EFE na Venezuela, Nélida Fernández.

Segundo a EFE, ao chegarem no Aeroporto Internacional Simón Bolívar de Maiquetía seus colaboradores "declararam o trabalho jornalístico que iriam realizar".

De Bucareste, a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, havia exigido mais cedo a libertação dos jornalistas detidos "sem motivos" na Venezuela. Os governos de Espanha, França e Colômbia se somaram à exigência.

Na terça-feira à noite também foram detidos nas proximidades de Miraflores dois repórteres do canal público chileno TVN, Rodrigo Pérez e Gonzalo Barahona, junto com os comunicadores venezuelanos Maikel Yriarte e Ana Rodríguez, que os acompanhavam. Pérez e Barahona foram deportados na quarta-feira.

A Federação Internacional de Jornalistas (FIP, em espanhol) exigiu nesta quinta-feira o "fim das ações hostis contra jornalistas" na Venezuela e a "libertação imediata" de todos os comunicadores detidos no país "por exercer o seu trabalho".

"A liberdade de informação e inegociável em qualquer sistema democrático e exigimos que seja respeitada", assegurou Anthony Bellanger, secretário-geral desta organização que representa 600.000 jornalistas.

Vários jornalistas estrangeiros foram detidos ou deportados nos últimos anos por não contarem com permissões para desempenhar o seu trabalho na Venezuela.

Após informar sobre a suposta entrada irregular de jornalistas, o chanceler Arreaza indicou que, para "evitar inconvenientes desnecessários", os meios de comunicação e as agências internacionais "devem realizar os trâmites indispensáveis nos consulados antes da viagem ao país".

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