Expira ultimato europeu a Maduro, que tenta frear ofensiva de Guaidó na Venezuela
Caracas, 3 Fev 2019 (AFP) - O chefe de Estado venezuelano, Nicolás Maduro, voltou a propor eleições legislativas antecipadas em resposta à pressão da oposição e dos ocidentais, enquanto expira neste domingo (3) o ultimato dado por seis países da UE para convocar uma eleição presidencial.
Seis países europeus (Alemanha, Espanha, França, Holanda, Portugal, Reino Unido) deram a Maduro oito dias para convocar uma nova eleição presidencial, caso contrário vão reconhecer o opositor Juan Guaidó como presidente interino.
Apoiado pela Rússia, China, Coreia do Norte, Turquia e Cuba, Maduro, de 56 anos, rejeitou o ultimato europeu e acusou os Estados Unidos de orquestrarem um golpe de Estado.
Juan Guaidó, que se proclamou presidente interino, também deve informar quando chegará a ajuda humanitária anunciada no sábado (2) durante uma enorme manifestação de seus partidários para exigir a saída de Maduro.
Centros de armazenamento deverão ser organizados do outro lado da fronteira, na Colômbia e no Brasil, e em uma "ilha do Caribe". Os Estados Unidos indicaram que vão transportar esta ajuda a pedido de Guaidó.
Aparecendo em público pela primeira vez em seis meses, Maduro também reuniu milhares de partidários no sábado em Caracas e relançou a ideia de eleições antecipadas para substituir um Parlamento de maioria opositora.
O mandato atual da Assembleia Nacional, eleita no final de 2015, vai até janeiro de 2021. E as próximas eleições legislativas estão programadas para o final de 2020.
Dezenas de milhares de manifestantes tomaram as ruas de Caracas, parte delas para exigir a partida de Nicolás Maduro e outra para celebrar o 20º aniversário da revolução bolivariana e reafirmar seu apoio ao líder socialista.
Em ambos os lados, as fotos tiradas pela AFP mostraram ruas e avenidas lotadas de pessoas. Não há números confiáveis sobre as mobilizações.
Em um palco montado em frente à representação da União Europeia em Caracas, o líder da oposição previu um mês de fevereiro "decisivo" para expulsar Nicolás Maduro do poder.
"Vamos continuar nas ruas até sermos livres, até o final da usurpação", disse com a voz rouca.
Ele pediu aos seus partidários para que mantenham a pressão durante uma nova manifestação em 12 de fevereiro, o Dia da Juventude na Venezuela. Outra mobilização, ligada à distribuição de ajuda humanitária, é esperada nos próximos dias.
Os venezuelanos também se manifestaram contra Maduro em vários países da América Latina, incluindo Colômbia, Chile, Costa Rica, México e Argentina.
- "Liberdade!" -Em sua conta no Twitter, o presidente colombiano Iván Duque anunciou a abertura em seu país de três centros para a coleta de ajuda humanitária, incluindo medicamentos e alimentos, para a Venezuela.
"Nós não fomos e não seremos um país de mendigos", reagiu Nicolás Maduro. Por outro lado, "há quem se sinta mendigos do imperialismo e que vendem sua pátria por 20 milhões de dólares", continuou ele, referindo-se à quantidade de ajuda humanitária prometida pelos Estados Unidos a Juan Guaidó.
Desde o início das mobilizações em 21 de janeiro, cerca de quarenta pessoas foram mortas e mais de 850 foram presas, segundo a ONU.
A manifestação da oposição se dispersou sem grandes incidentes.
A cerca de dez quilômetros de distância, Maduro anunciou aos seus seguidores um aumento no número de soldados, chamando milicianos a se juntarem ao exército para enfrentar o que ele chamou de "plano macabro" dos Estados Unidos.
Referindo-se ao ultimato lançado pelos europeus, o canal de televisão venezuelano TeleSUR lamentou em seu site "a postura intervencionista adotada pelo primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, e pela União Europeia".
Maduro não é reconhecido por parte da comunidade internacional, enquanto Guaidó é apoiado pelos Estados Unidos, a maioria dos Estados latino-americanos e alguns países europeus.
Na quinta-feira, o Parlamento Europeu reconheceu a autoridade de Guaidó e exortou todos os países da UE a fazer o mesmo.
E agora um primeiro embaixador venezuelano se juntou a Guaidó. No Iraque, Jonathan Velasco disse em uma mensagem que a Assembleia Nacional era "o único poder legítimo".
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