Papa faz fiéis de todo o mundo vibrarem em Abu Dhabi
Abu Dhabi, 5 Fev 2019 (AFP) - "Nós, cristãos do Iêmen, te amamos": O pequeno cartaz exibido durante uma missa do papa Francisco, nesta terça-feira (5), em Abu Dhabi, simbolizou o caráter cosmopolita da cerimônia religiosa, única em seu gênero.
O estádio "Zayed Sport City" não pôde abrigar todos os fiéis chegados dos quatro cantos dos Emirados Árabes Unidos e de outros lugares.
Todos foram para a capital, que vive desde domingo ao ritmo da visita papal, a primeira de um pontífice à Península Arábica, berço do Islã.
O vizinho Iêmen, atingido há quatro anos por devastadora guerra à qual se acrescenta uma enorme crise humanitária, esteve presente nos pensamentos de Francisco.
O pontífice iniciou a sua visita dizendo que orava pelos iemenitas e depois exortou na segunda-feira, em uma reunião inter-religiosa, à paz neste país pobre pelo qual o Cristianismo foi introduzido na Península Arábica no século XIX.
- 'Jesus está aqui' -Um imenso clamor se elevou no estádio quando o papa chegou. O papamóvel parou para permitir que Francisco abençoasse duas meninas que saíram da multidão e foram até ele.
O fervor era evidente na multidão, na qual, segundo a Igreja local, havia 100 nacionalidades diferentes, e que se instalou dentro e fora do estádio, onde foram colocados telões.
O número de participante oscilou entre 120.000 e 170.000, segundo as fontes. Os organizadores esperavam 135.000 presentes.
Cerca de 4.000 foram ao evento e também foi possível ver mulher com suas abayas pretas - mantos usados pelas muçulmanas - e usando salto agulha.
"Jesus está aqui hoje para abençoar a todos, não somente os cristãos", disse à AFP Lucy Watson, uma indiana de 61 anos. "E se eu continuar falando, vou começar a chorar", acrescentou.
"É uma oportunidade única para ver o papa com meus próprios olhos", assegura a fiel.
O papa, Jorge Bergoglio, filho de imigrantes italianos que cresceu em uma Argentina multicultural, fez alusão às dificuldades das pessoas desenraizadas.
"Com certeza não é fácil, para vós, viver longe de casa e talvez sentir, além da falta das afeições mais queridas, a incerteza do futuro", disse durante a sua homilia, feita em italiano e traduzida por alto-falante ao árabe.
Excepcionalmente, o papa celebrou a missa em inglês, à frente de uma grande cruz.
"Formais um coro que engloba uma variedade de nações, línguas e ritos", assinalou, ao saudar a "jubilosa polifonia da fé" que a Igreja constrói.
A população dos Emirados Árabes Unidos é composta em 85% por estrangeiros, entre eles milhões de trabalhadores do sul da Ásia.
- A esperança de um milagre -A multidão, parte da qual foi transportada em 2.000 ônibus, esperou longamente no estádio, enfeitado com as cores do Vaticano.
Para Kaushala Fonseka, uma jovem de 25 anos, esta é a segunda missa que ela assiste após a que Francisco celebrou durante uma visita a seu país, Sri Lanka, em 2015.
"Tenho o privilégio de tê-lo visto duas vezes na minha vida", disse a jovem à AFP.
Mas hesita quando perguntada sobre que espera da visita papal.
"Milagres sempre podem acontecer", sussurra. "É tudo o que posso dizer", acrescenta.
A indiana Célestine Saldanhana, que vive nos Emirados Árabes Unidos há 20 anos, acredita que o mais importante é a bênção do papa a sua família.
"Só aspiro ao bem-estar da minha família", afirma.
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