Moscou, Teerã e Ancara aprovam retirada dos EUA da Síria
Sochi, Rússia, 14 Fev 2019 (AFP) - Os presidentes de Rússia, Irã e Turquia elogiaram nesta quinta-feira (14), durante uma reunião em Sochi, a retirada anunciada das tropas americanas da Síria, prometendo "fortalecer sua cooperação" para acabar com o conflito.
Os três líderes se reuniram no balneário do sudoeste da Rússia para discutir o avanço do processo de paz na Síria, onde oito anos de guerra custaram mais de 360 mil vidas.
A Síria está atualmente no centro de um intenso balé diplomático com uma reunião da coalizão internacional em Munique, e uma conferência sobre o Oriente Médio em Varsóvia, na presença do vice-presidente americano, Mike Pence, e do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
Em Sochi, as discussões "giraram em torno da influência que terá o anúncio americano de sua retirada das regiões do nordeste do país sobre o desenvolvimento futuro da situação na Síria", declarou o presidente russo, Vladimir Putin.
"Nossa visão comum é de que a realização dessa etapa seria um passo positivo que ajudaria a estabilizar a situação na região", acrescentou Putin.
O destino da província síria de Idlib (noroeste), a única região síria ainda nas mãos dos rebeldes, também foi discutida.
Os três líderes concordaram em adotar "medidas concretas" para estabilizar a situação na região, alvo esporádico de ataques.
- 'Desescalada definitiva' -"Nós não queremos novas crises humanitárias, novos desastres em Idlib ou em outra parte na Síria", declarou o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, acrescentando esperar que o regime de Damasco "respeite a trégua".
Ele acrescentou que Rússia e Turquia chegaram a um acordo para realizar "patrulhas conjuntas" para conter "grupos radicais" na província de Idlib, sem dar mais detalhes.
"Hoje, praticamente em toda a Síria, o regime de cessar-fogo está sendo observado, o nível de violência está diminuindo gradualmente e é resultado concreto e positivo do nosso trabalho conjunto", apontou Putin.
Na cúpula, o presidente russo destacou a necessidade de Moscou, Ancara e Teerã chegarem a um acordo sobre medidas para garantir uma "desescalada definitiva" em Idlib.
Se o cessar-fogo parece em vigor, "não significa que devemos tolerar a presença de grupos terroristas em Idlib", disse, pedindo medidas para "eliminar permanentemente esse foco terrorista".
A última cúpula entre os presidentes iraniano, turco e russo, realizada em setembro no Irã, trouxe à tona suas diferenças sobre o destino de Idlib.
Foi preciso outra reunião entre Putin e Erdogan para evitar uma ofensiva desejada pelo regime sírio: uma "zona desmilitarizada" foi criada neste enclave onde facções rebeldes coabitam.
Em virtude do acordo russo-turco, todos os combatentes radicais, incluindo os extremistas da Hayat Tahrir al-Sham (HTS), dominada pela ex-facção da Al-Qaeda na Síria, tiveram que se retirar da área.
Mas a HTS, desde então, se fortaleceu e controla "mais de 90% do território do enclave", segundo o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov.
- Questão curda -Erdogan também pediu a retirada dos combatentes curdos presentes no nordeste da Síria. Segundo ele, "a integridade territorial da Síria não poderá ser assegurada e a região devolvida a seus verdadeiros donos" enquanto continuarem na região.
Ancara considera as milícias curdas das Unidades de Proteção do Povo (YPG) como um grupo terrorista. Estas controlam a cidade estratégica de Minbej e áreas sírias a leste do Eufrates de onde expulsaram os extremistas do grupo Estado Islâmico (EI).
Com o apoio dos combatentes árabes das Forças Democráticas Síria (FDS) e da coalizão liderada pelos Estados Unidos, as YPG encurralaram os extremistas do EI em um território de pouco mais de um quilômetro quadrado.
A Rússia emergiu como um ator-chave no conflito desde o início de sua intervenção militar, em 2015, em apoio ao regime de Bashar al-Assad, que agora controla quase dois terços do país.
O processo de Astana, iniciado por Moscou com Irã e Turquia, eclipsou as negociações patrocinadas pela ONU sem, contudo, alcançar um acordo final sobre o conflito.
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