Bashar al-Assad alerta curdos da Síria sobre falta de proteção dos EUA
Damasco, 17 Fev 2019 (AFP) - O presidente sírio Bashar al-Assad alertou, neste domingo (17), as facções curdas na Síria que "apostam" nos Estados Unidos que este país não vai protegê-las contra nenhuma ofensiva turca, já que Washington pretende retirar suas tropas.
Washington apoia a milícia curda Unidades de Proteção do Povo (YPG) na Síria, que combate o grupo extremista Estado Islâmico (EI). O presidente Donald Trump anunciou em dezembro a retirada de cerca de 2 mil soldados americanos que atuam no país, estimando que a derrota dos extremistas se dará em breve.
"Aos grupos que apostam nos americanos, dizemos que eles não vão protegê-los", disse Assad neste domingo em comunicado emitido pela emissora pública do país.
"Os americanos não vão colocá-los no coração, nem nos braços. Vão colocá-los no bolso para que sejam uma ferramenta em sua permuta", opinou.
Após o conflito que devastou a Síria desde 2011, os curdos conseguiram estabelecer uma autonomia "de fato" nas regiões sob seu controle, com territórios no norte e nordeste que representam quase 30% do país.
O anúncio da retirada dos Estados Unidos surpreendeu esta minoria, que poderia acabar enfraquecida contra a vizinha Turquia, num contexto em que Ancara ameaça lançar uma ofensiva para expulsar as YPG de áreas adjacentes à sua fronteira com a Síria.
Para se proteger, os curdos começaram uma aproximação com o poder de Damasco e estão tentando negociar uma solução política para preservar sua semi-autonomia. No entanto, esses diálogos estão estagnados.
No domingo, o conselho militar das FED realizou uma reunião de rotina durante a qual seus membros discutiram "o futuro das relações com o governo sírio", destacando a "especificidade" da FDS e a necessidade de "reconhecimento" da administração semi-autônoma curdo, segundo comunicado.
O conselho militar também se referiu ao "desejo de encontrar, através do diálogo, uma solução para os problemas com o Estado turco, num quadro de boas relações de vizinhança e respeito mútuo".
"Se não se preparar para defender seu país e resistir, não será mais que um escravo entre os otomanos", tinha afirmado Assad mais cedo, referindo-se à Turquia.
"Nada os protegerá, exceto seu Estado. Ninguém lhes defenderá, exceto o Exército árabe sírio", concluiu o presidente.
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