Ex-advogado de Trump volta ao Congresso para audiência a portas fechadas
Washington, 28 Fev 2019 (AFP) - Michael Cohen, ex-advogado de Donald Trump, regressou nesta quinta-feira (28) ao Congresso para uma nova audiência, desta vez a portas fechadas, após seu depoimento explosivo na véspera contra o presidente americano, a quem acusou de ser um "vigarista" com vínculos suspeitos com Moscou.
A audiência, que deve durar várias horas, começou às 09h30 locais (11h30 de Brasília), diante do Comitê de Inteligência da Câmara de Representantes, é a última etapa de uma semana maratona de depoimentos no Capitólio, sede do Congresso americano.
Após o testemunho público de Cohen na quarta-feira, Adam Schiff, congressista democrata que está à frente do Comitê, anunciou que aproveitaria a confidencialidade desta nova sessão para repassar e "examinar em profundidade" vários pontos mencionados, sobretudo os relativos às suspeitas de conluio entre Moscou e a equipe de campanha de Trump nas eleições presidenciais de 2016.
Entre os pontos que interessam particularmente aos democratas estão, segundo Schiff destacou no Twitter: o projeto de construção de um edifício na capital da Rússia divulgado em novembro de 2016, mês do pleito para a presidência, o que contraria as informações divulgadas por Trump; a questão de saber se o magnata conhecia com antecedência as revelações da WikiLeaks sobre sua adversária democrata Hillary Clinton; e, por último, "o envolvimento da Casa Branca nas declarações falsas" de Cohen perante o Congresso.
Excluído da profissão, Cohen foi condenado em dezembro a três anos de prisão por perjúrio perante o Congresso e infração do código eleitoral - crimes que disse ter cometido para proteger Trump -, além de fraude fiscal.
Cohen, que será preso em 6 de maio, colaborou com o investigador especial Robert Mueller sobre o caso russo.
Os republicanos atacaram a credibilidade do ex-advogado, qualificando-o de "mentiroso patológico" e de "delator", segundo as próprias palavras do presidente americano.
O ex-advogado não tem, no entanto, interesse em mentir uma vez mais aos parlamentares, diante dos quais depõe sob juramento, pois se exporia a uma pena de prisão mais dura, e se ofereceu voluntariamente para uma audiência pública.
Dois membros da ala conservadora do partido, Mark Meadows e Jim Jordan, pediram nesta quinta-feira ao departamento de Justiça que investigue um possível novo crime de perjúrio cometido na véspera na audiência. Citando documentos da Justiça e testemunhos, acusam Cohen de ter mentido ao afirmar que nunca tinha querido trabalhar para Donald Trump na Casa Branca e que nunca tinha cometido fraude bancária.
O advogado de Cohen, Lanny Davis, respondeu que seu cliente disse a "verdade" perante o Comitê. "Tomara que não seja surpreendente que dois membros do Comitê conhecidos por ser pró-Trump lancem uma demanda de investigação penal sem fundamento", avaliou.
Ao depor sob juramento ao Congresso, Cohen poderia se expor a uma nova condenação se tivesse mentido de novo.
O ex-advogado em dezembro passado a três anos de prisão por perjúrio diante do Congresso e fraude eleitoral -delitos que disse ter assumido para para proteger Trump-, fraude fiscal.
Do Vietnã, onde se reuniu com o líder norte-coreano Kin Jong-un, Trump afirmou que Cohen havia "mentido muito", que não havia apresentado nenhuma prova conclusiva e teria falado apenas sobre "suspeitas".
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