Falta de acordo na cúpula Trump-Kim não preocupa analistas
Hanói, 28 Fev 2019 (AFP) - Donald Trump viajou 20 horas de avião para se encontrar em Hanói com o líder norte-coreano Kim Jong Un e prometer a ele um futuro "MARAVILHOSO" caso abandonasse seu programa nuclear, mas os dois não chegaram a um acordo. Algo que não é necessariamente negativo, estimam os analistas.
A cúpula de Singapura, a primeira reunião ao mais alto nível entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte, ocupou as primeiras páginas dos jornais.
Mas a declaração que assinaram foi vaga, com Kim se comprometendo em "trabalhar para uma desnuclearização total da península coreana".
Desde então, os dois lados debatem sobre o significado dessa formulação e os analistas esperavam que a nova cúpula lhe desse sentido.
Mas o encontro em Hanói pareceu mais uma encenação do que o de Singapura, sem um texto comum a ser assinado.
Donald Trump explicou que Kim exigiu que todas as sanções fossem levantadas antes de analisar as medidas a respeito do complexo nuclear de Yongbyon. E, portanto, tomou a decisão de deixar a mesa de negociações.
"Eu prefiro fazer isso bem do que fazê-lo rápido", minimizou Trump.
- Sem terceira cúpula -Para os analistas, a reunião é parte de um longo processo e talvez tenha sido necessária.
"Essa reunião não foi um fracasso", relativiza David Kim, do Stimson Center. "É preciso ver a relação Kim-Trump como um drama coreano. É apenas o começo de uma longa históriade amor" que terá momentos "emocionantes, decepções e dor".
Mas "o vínculo entre os dois homens permanecerá até o final" e "podemos esperar resultados positivos no futuro".
Uma terceira cúpula não foi decidida nesta reunião, mas a Casa Branca disse que o trabalho entre as duas partes continua.
Em seu discurso de Ano Novo, o líder norte-coreano avisou que Pyongyang buscaria "outro caminho" para defender seus interesses, se Washington não fizesse concessões em troca dos passos que estima ter feito (fim dos disparos de mísseis e dos testes nulceares e destruição de infraestruturas).
Isso aumenta as chances de Kim Jong Un pedir apoio de seu aliado chinês.
Em Hanói, o presidente dos Estados Unidos repetiu que a Coreia do Norte pode se tornar uma "potência econômica" se abandonar seu arsenal nuclear.
Os dois países discutiram a abertura de escritórios de contato, um estágio inicial para a normalização das relações.
De acordo com Ankit Panda, da Federação de Cientistas Americanos (FAS), havia "informações credíveis sobre o fato de que uma declaração sobre o fim da guerra (da Coreia, 1950-1953) estava sobre a mesa". O conflito terminou com um armistício.
Mas isso nunca foi uma reivindicação da Coreia do Norte, que pediu "medidas correspondentes", explicou.
- Moon em dificuldade - Mais uma vez, Pyongyang se mostrou em pé de igualdade com Washington, e Kim com Trump.
O jornal do partido único, Rodong Sinmun, publicado nesta quinta-feira uma foto em que o presidente dos Estados Unidos parece inclinar-se levemente para apertar as mãos de Kim.
Soo Kim, um ex-analista da CIA, observa que Trump disse várias vezes que não estava com pressa para chegar a um acordo.
Dado que o Norte não está pronto para tomar as medidas que os Estados Unidos exigem, Trump "parece satisfeito" com a situação. Mas, "este resultado talvez não era o esperado pelo regime de Kim"
A ausência de resultado deixa o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, que aproveitou a ocasião dos Jogos Olímpicos de Inverno em seu país para iniciar as discussões entre Pyongyang e Washington, em dificuldades.
Moon planejava revelar um plano de cooperação econômica na sexta-feira por ocasião do 100º aniversário de um movimento contra o colonizador japonês, um assunto em que o Norte e Sul estão totalmente de acordo, segundo o ex-analista da CIA.
Uma visita a Seul de Kim Jong Un provavelmente foi adiada. "Continua a ser estudado" se o presidente sul-coreano pode agir para uma aproximação intercoreana, acrescenta.
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