Crise na Caxemira: Paquistão libertará piloto indiano como gesto de paz
O Paquistão libertará amanhã como um "gesto de paz" em relação à Índia o piloto da Força Aérea indiana capturado ontem, informou o primeiro-ministro Imran Khan, após três dias de grave crise entre as duas potências nucleares.
"Como um gesto de paz, vamos liberar o piloto indiano [amanhã]", declarou Imran Khan no parlamento, aplaudido em voz alta.
O Exército paquistanês afirmou na quarta-feira ter capturado o piloto depois de abater dois aviões indianos em seu espaço aéreo, um dos quais caiu no lado paquistanês da fronteira da Caxemira.
O Paquistão postou imagens do piloto, o tenente-coronel Abhinandan Varthaman, e afirmou que foi bem tratado.
Nova Délhi, por sua vez, reconheceu ter perdido um Mig-21 em confrontos e exigiu o "retorno imediato e seguro" de seu piloto, que se tornou um herói em seu país.
Nesta quinta-feira, um oficial indiano enfatizou que seu país aumentou sua vigilância sobre o Paquistão, apesar do anúncio da libertação do do piloto.
"Estamos totalmente preparados e temos capacidade de resposta a qualquer provocação do Paquistão", afirmou o major Surendra Singh Mahal em uma coletiva de imprensa em Nova Délhi.
Inimigo da Índia
O primeiro-ministro indiano Narendra Modi usou um tom menos conciliatório na manhã de hoje no Paquistão, denunciando o "inimigo que tenta desestabilizar a Índia".
Modi aspira a um segundo mandato nas eleições de abril e maio e está sob pressão do público indiano para ser inflexível contra o Paquistão.
Os pedidos de vingança e represálias se multiplicaram na Índia desde o atentado suicida que matou 40 paramilitares na Caxemira indiana em 14 de fevereiro e que foi reivindicado por um grupo islamito baseado no Paquistão, o Jaish e Mohammed (JeM).
A crise começou na terça-feira, quando aviões da Força Aérea indiana entraram no espaço aéreo paquistanês para um "ataque preventivo" contra o que Nova Délhi apresentou como um grande campo de treinamento para o JeM.
Continuou na quarta-feira com incursões de aeronaves dos dois países e o anúncio da perda de aeronaves e a captura do piloto.
Diante disso, "o perigo real é que a crise escape do controle dos dois governos", declarou Richard Gowan, da Universidade das Nações Unidas, em Nova York.
"Existe o risco de outro ataque terrorista ou que um surto de violência comunitária dificulte uma solução diplomática", disse ele.
De Hanói, onde se reuniu com o líder norte-coreano Kim Jong-un, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse "esperar que (a crise) termine".
"Recebemos, penso eu, notícias razoavelmente atraentes do Paquistão e da Índia", disse Trump. "Nós tentamos fazer que os dois países detenham" suas ações, acrescentou.
Estado de alerta
No Paquistão, a situação continua tensa. As autoridades reforçaram a segurança e os hospitais estavam em alerta para qualquer eventualidade.
O espaço aéreo, fechado na véspera até nova ordem devido às tensões geopolíticas, continuava na mesma situação esta quinta-feira e por isso dezenas de voos foram cancelados no país.
Os militares indicaram que se encontravam em alerta máximo na Caxemira para repelir toda a agressão indiana ao longo da Linha de Controle, fronteira com a Caxemira indiana.
"As forças indianas multiplicaram as violações do cessar-fogo nas últimas 48 horas em vários setores próximos à Linha de Controle e dispararam deliberadamente contra civis", segundo a mesma fonte.
Índia e Paquistão travaram três guerras, duas delas por causa de Caxemira, uma região das montanhas do Himalaia com uma maioria muçulmana dividida entre os dois países que reivindicaram a soberania desde a independência em 1947.
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