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Pelo menos 23 mortos em ataque contra campo militar no Afeganistão

01/03/2019 16h59

Kandahar, Afeganistão, 1 Mar 2019 (AFP) - Ao menos 23 militares afegãos morreram em um ataque dos talibãs contra uma base conjunta das forças do governo e americanas no sudoeste do Afeganistão, informaram autoridades locais nesta sexta-feira.

A ação contra a unidade de Shorab, uma das maiores instalações militares do país, na província de Helmand, começou na madrugada desta sexta-feira e durou horas.

"A operação terminou: há 23 militares mortos, 15 feridos e 20 insurgentes mortos", declarou Ghafoor Ahmad Jawed, porta-voz do ministério da Defesa afegão.

Mais cedo, autoridades americanas afirmaram que as forças afegãs haviam repelido com sucesso o ataque, matando quatro insurgentes.

Na ação, os rebeldes utilizaram sete atacantes suicidas, segundo fontes oficiais.

Um porta-voz americano disse à AFP que nenhum militar do país está entre as vítimas.

O Talibã controla ou atua em mais da metade dos distritos da província de Helmand e realiza com frequência ataques mortais contra o exército afegão, especialmente desde a retirada das forças da Otan em 2014. O ataque coincidiu com uma pausa nas negociações de paz entre o Talibã e os Estados Unidos em Doha, que devem ser retomadas neste sábado.

O enviado especial dos Estados Unidos Zalmay Khalilzad declarou nesta semana que as últimas reuniões foram "produtivas" e que ambas partes "usarão os dois próximos dias para consultas internas, com a intenção de retomar o encontro no sábado".

- Fim do inferno favorece os ataques -Os primeiros sinais indicam que as negociações seguem um bom rumo após os diálogos de alto nível do mês passado, que terminaram abordou a potencial retirada das tropas americanas e um acordo para evitar que o Afeganistão dê cobertura a terroristas.

Segundo informação publicada pelo jornal The New York Times na quinta-feira, as tropas americanas podem deixar completamente o Afeganistão em um prazo de três a cinco anos, em virtude de um plano do Pentágono apresentado ao Talibã dentro de um acordo para terminar com 18 anos de conflito.

Os Estados Unidos anunciaram um cessar fogo e solicitaram um diálogo entre o grupo radical e o governo de Cabul, um pedido rechaçado reiteradamente pelos insurgentes.

Contudo, representantes do Talibã negaram a informação do jornal, garantindo que não tinham conhecimento do plano, de acordo com comunicado divulgado nesta sexta-feira.

O governo afegão e grupos da sociedade civil expressaram seus temores diante da possibilidade de que uma retirada repentina dos Estados Unidos possa provocar uma guerra civil ou a volta dos talibãs ao poder.

As fortes nevadas no provocaram uma redução da violência neste inverno no hemisfério norte, mas a chegada do bom tempo no sul poderia levar ao início da temporada de combates.

Analistas advertem que o Talibã poderia incrementar seus ataques nos próximos, tentando dar força a sua presença no campo de batalha e na mesa de negociações.

As forças afegãs afirmam liderar a luta contra os insurgentes. Segundo o Ministério da Defesa, mais de 100 "terroristas" foram abatidos nos últimos dias em várias operações por todo país.

Os Estados Unidos também intensificaram sua campanha aérea contra o Talibã e o grupo Estado Islâmico, e em 2018 utilizou o dobro da munição empregada no ano anterior contra as posições dos insurgentes.

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