Canadense Michael Kovrig foi preso na China em dezembro suspeito de espionagem
Pequim, 4 Mar 2019 (AFP) - As autoridades chinesas suspeitam que o ex-diplomata canadense Michael Kovrig, preso em dezembro, cometeu atos de espionagem e roubo de segredos de Estado, informou, nesta segunda-feira (4), a imprensa estatal chinesa, em meio a tensões entre Pequim e Ottawa após a prisão no Canadá de uma diretora da Huawei.
Um outro canadense detido na China, o consultor Michael Spavor, é considerado uma das principais fontes de informações de Michael Kovrig, segundo a agência de notícias Xinhua, que cita as autoridades chinesas.
Os dois homens foram presos em dezembro, poucos dias depois de o Canadá prender, a pedido dos Estados Unidos, a diretora financeira da gigante de telecomunicações Huawei, Meng Wanzhou.
Pequim havia explicado que os dois canadenses eram suspeitos de ameaçar a segurança nacional. Um eventual indiciamento por espionagem os expõe a pesadas penas de prisão.
De acordo com a agência Xinhua, Kovrig, que agora trabalha para o instituto de pesquisa International Crisis Group, viajou para a China várias vezes com um passaporte não diplomático e vistos de negócios. Ele colhia informações desde 2017.
Ottawa afirma que os dois canadenses foram detidos "arbitrariamente" e que o interrogatório de Kovrig pelas autoridades chinesas violava a Convenção de Viena sobre as relações diplomáticas, um argumento que Pequim rejeita.
As novas acusações chinesas ocorrem poucos dias depois de o Canadá ter iniciado o processo de extradição contra Meng, que deve comparecer perante um juiz em Vancouver na quarta-feira.
Filha do fundador da Huawei, Meng foi colocada em liberdade condicional em meados de dezembro em Vancouver, onde possui duas residências.
Ao fim do processo, se o juiz decidir pela extradição, o procurador-geral canadense ainda terá a decisão final sobre entregá-la ou não às autoridades americanas.
Sua prisão desencadeou uma crise diplomática sem precedentes entre Ottawa e Pequim. O Departamento de Justiça dos Estados Unidos acusa a diretora financeira de burlar as sanções americanas contra o Irã, mas também, por meio de duas afiliadas, de roubar segredos comerciais do grupo de telecomunicações americano T-Mobile.
As duas filiais, Huawei Device Co. Ltd. e Huawei Device Co. USA, receberam dez acusações por fatos relativos ao período 2012-2014, incluindo uma suspeita de obstrução de Justiça.
Em um comunicado, a Huawei negou que o grupo, alguma de suas filiais, ou empresas afiliadas tenham cometido as supostas violações da lei americana citadas em cada uma das acusações.
A empresa afirma que "não tem conhecimento de atos condenáveis por parte de Meng e está convencida de que os tribunais americanos chegarão à mesma conclusão".
A Huawei é a segunda maior fabricante mundial de smartphones e líder em equipamentos para redes de telecomunicações.
A companhia é alvo de suspeitas em vários países ocidentais, o que levou o ministro chinês das Relações Exteriores, Wang Yi, a denunciar uma campanha internacional "injusta e imoral".
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