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Procurador da Califórnia descarta acusar policiais que mataram jovem negro

05/03/2019 21h10

Los Angeles, 6 Mar 2019 (AFP) - O procurador-geral da Califórnia descartou nesta terça-feira (5) que seu escritório apresente acusações contra os dois oficiais envolvidos na morte a tiros de um jovem negro desarmado.

Xavier Becerra, que cumpre funções de secretário de Justiça, disse que os policiais agiram de acordo com a lei quando dispararam 10 vezes cada um contra Stephon Clark no quintal da casa de sua avó em Sacramento, onde morava.

O relatório independente de Becerra segue a linha da promotora do condado de Sacramento, Marie Schubert, que tampouco acusou os dois oficiais.

A decisão de Schubert gerou protestos durante o final de semana, com 84 pessoas detidas na segunda-feira, incluindo universitários, jornalistas e um pastor, que exigiram uma prestação de contas neste caso que causou indignação em todo o país.

"A perda dessa vida é uma tragédia e é o tipo de tragédia que já tivemos que enfrentar vezes demais no estado e na nação", assinalou Becerra em uma coletiva de imprensa. "Depois de revisar extensivamente o expediente, achamos que a evidência não apoiava a apresentação de acusações criminais contra os oficiais envolvidos no tiroteio".

A polícia respondia a um chamado aos serviços de emergência sobre um homem que havia quebrado janelas de carros na área e considerou Clark como o principal suspeito.

Em vídeos gravados de um helicóptero e através das câmeras nos uniformes dos policiais, é possível ver o jovem correndo e buscando abrigo na casa de seus avós, onde morava.

Os oficiais gritam: "Mostre suas mãos!", e imediatamente seguem: "Arma, arma, arma!". Então dispararam 20 vezes. Ao revisar o corpo, os agentes só encontraram um celular iPhone.

Uma necropsia revelou que sete balas atingiram Clark, incluindo três nas costas. Exames de sangue revelaram que a vítima tinha álcool, cocaína e opioides em seu sistema.

Os detetives determinaram que Clark havia, de fato, quebrado as janelas de três carros estacionados perto da casa de sua avó e que havia destruído a porta corrediça de um vizinho com um bloco de cimento.

O assassinato de Clark ocorreu em meio às crescentes tensões nos Estados Unidos pelo uso da força mortal por parte da polícia em todo o país, especialmente no caso dos negros.

No mês passado, um jovem rapper americano recebeu 26 disparos da polícia na Califórnia depois que o encontraram caído em seu carro com uma pistola no colo.

O procurador federal McGregor W. Scott e Sean Ragan, agente do FBI a cargo do caso, disseram em uma declaração que trabalhariam no Departamento de Justiça para analisar se houve "violações dos direitos civis federais do senhor Clark".