Califado do Estado Islâmico na Síria cada vez mais esvaziado
CERCA DE BAGHUZ, Syrie, 6 Mar 2019 (AFP) - Exaustos e famintos, milhares de mulheres e crianças, e também supostos combatentes do grupo Estado Islâmico, abandonam o último reduto dos jihadistas na Síria.
Há dias que as Forças Democráticas Sírias (FDS), que conduzem uma ofensiva contra os jihadistas, preveem o fim das evacuações.
Mas centenas de pessoas continuam a deixar diariamente o último reduto do EI, no extremos leste da Síria.
As mulheres chegam em caminhões a uma posição das FDS perto do povoado de Baghuz, onde os jihadistas estão entrincheirados.
Elas então se sentam no chão, com crianças sujas agarradas a seus niqabs pretos, que as cobrem da cabeça aos pés.
É cada vez maior o número de homens. Apoiados em muletas, com ataduras na cabeça, nos tornozelos...
Os homens suspeitos de pertencer ao EI são detidos. As forças da coalizão internacional liderada por Washington, que apoia os combatentes curdos e árabes das FDS, supervisionam todo o processo.
As mulheres se amontoam sobre a ajuda distribuída: água, pão, leite, fraldas (tão necessárias para as mães de bebês que choram, alguns de apenas poucos meses de vida). E há muitos.
- "Um desastre" -Este é o retrato do que resta do "califato" autoproclamado pelos jihadistas em 2014 em um extenso território abrangendo partes da Síria e do Iraque.
Este território, tão grande quanto o Reino Unido, foi diminuído ao pequeno reduto no povoado de Baghuz.
Uma mulher que arrasta uma sacola cheia de roupas pede água. Ela encontra uma garrafa meio cheia, que bebe de uma vez.
"Estávamos com sede (...) bebíamos água suja", conta.
Apenas na terça-feira, 3.500 pessoas, entre elas 500 jihadistas que se renderam, deixaram o reduto do EI, segundo as FDS.
"Foi horrível. Havia bombardeios, franco-atiradores emboscados", diz Um Munes, cercada de crianças.
"Tentávamos nos esconder sob as camas para não sermos atingidos pelas balas (...), estávamos abandonados a nossa sorte", acrescenta.
"Era um desastre", assegura uma mulher natural do Iraque, que preferiu não dar seu nome.
"Os carros saíam em disparada e as casas ficavam em ruínas. Havia mulheres e crianças carbonizadas nas ruas" pelos bombardeios, disse. "Juro por Deus que os vi".
Uma vez revistados e interrogados, os civis são enviados a um campo de deslocados.
"Acabou tudo", resume Mahmud, um adolescente de 13 anos da cidade síria de Aleppo, enquanto se dirige a um caminhão que o levará a um campo de deslocados.
"Não resta nada que se possa chamar de Estado Islâmico", acrescenta.
dls-dco/tgg/feb/erl/m/mr
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