Topo

Brasileiras se reúnem no 8 de março e criticam Bolsonaro

08/03/2019 22h49

Rio de Janeiro, 9 Mar 2019 (AFP) - Milhares de pessoas se reuniram nesta sexta-feira no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Brasília pelo Dia Internacional da Mulher, para reivindicar pautas feministas e protestar contra o governo de Jair Bolsonaro.

Pouco antes da mobilização, a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, criticou a "ideologia" que atrapalha a igualdade entre gêneros e disse que as autoridades agora vão ensinar os meninos a "levar flores" e "abrir a porta" para as meninas.

No Rio, mulheres de todas as idades participaram da marcha com mensagens em cartazes, camisetas e broches como "Parem de nos matar", "Lute como uma garota", "Feminismo é revolução" e "Marielle presente" - referindo-se à vereadora assassinada há quase um ano.]

O protesto em Brasília teve cerca de 3 mil pessoas e no centro de São Paulo, algumas centenas.

"O Brasil já é campeão em feminicídios, violência contra LGBTs. Ter numa posição de poder pessoas que verbalizam homofobia, racismo, machismo e misoginia de uma forma tão contundente acende um sinal verde para que essa violência se propague ainda mais", opinou à AFP Consuelo Bassanesi, manifestante de 43 anos, administradora de um centro artístico de ativismo cultural.

"Marielle estaria nessa praça aqui com a gente", garantiu Bassanesi na Cinelândia.

A vereadora negra e lésbica foi assassinada a tiros em 14 de março de 2018 com seu motorista Anderson Gomes.

A deputada federal Talíria Perone (Psol), que era amiga de Marielle, veio de Brasília para participar da marcha, na qual também se viam bandeiras de sindicatos e partidos de esquerda e máscaras do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"A lembrança de Marielle é a negação de tudo isso que esse atual governo do Brasil quer impulsionar", afirmou a deputada.

Bolsonaro afirmou durante um ato no Palácio do Planalto que seu gabinete, integrado por 20 homens e 2 mulheres, está "equilibrado".

"Pela primeira vez na vida o número de ministros e ministras está equilibrado em nosso governo. Temos 22 ministérios, com 20 homens e duas mulheres, mas com um pequeno detalhe: cada uma delas [Damares Alves, ministra da Mulher e Direitos Humanos, e Tereza Cristina, da Agricultura], valem por dez homens".

"A garra das duas transmite energia para os demais" ministros, disse Bolsonaro entre risos.