Combatentes do EI estão cercados em acampamento improvisado na Síria
Susa, Syria, 8 Mar 2019 (AFP) - Combatentes do grupo Estado Islâmico (EI) recuaram para um acampamento às margens do rio que fica ao lado da cidade de Baghuz, no leste da Síria, onde são atacados por forças apoiadas pelos Estados Unidos.
Milhares de homens, mulheres e crianças, incluindo muitos feridos, fugiram de Baghuz, último reduto do Estado Islâmico, perto do acampamento dos radicais e da fronteira com o Iraque.
Aqueles que ficaram na cidade buscaram refúgio em um acampamento improvisado perto do rio Eufrates. Através de imagens obtidas pela AFP, é possível notar muitos veículos e tendas de cor marrom, por entre as quais circulavam mulheres vestindo nicabe preto (um véu que cobre o rosto e só revela os olhos).
Também foi possível ver combatentes protegidos por pedaços de muro, para combater as forças do regime sírio, que tomaram posições do outro lado do rio. As motos cruzavam o acampamento, de solo lamacento, e desapareciam atrás de montes de terra.
As Forças Democráticas Sírias (FDS), apoiadas pela coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos, esperam o fim da saída dos civis para dar continuidade a ofensiva contra o último reduto do grupo extremista, uma conquista que selaria o fim territorial do "califado" proclamado há cerca de cinco anos pela organização jihadista.
Nesta sexta, nenhum civil deixou o reduto do EI, declarou um porta-voz das FDS, Adnane Afrine, que acrescentou aguardar novas chegadas para o sábado.
No front, "a situação está bloqueada, com exceção de alguns confrontos intermitentes", indicou.
Perto dali, no povoado de Susa, em grande medida destruído pelas batalhas contra o EI, as combatentes das FDS comemoraram o Dia Internacional da Mulher dançando ao redor de uma fogueira ao som de músicas tradicionais difundidas por alto-falantes, contaram jornalistas da AFP.
- "No limite" -As forças curdo-árabes acusam o grupo radical de utilizar civis como "escudos humanos". Não há dados oficiais sobre quantas pessoas continuam em Baghuz, mas a FDS admite surpresa pela grande quantidade de pessoas que abandonaram o local.
Nesta sexta, o Comitê Internacional de Resgate contabilizou em 12.000 o número de mulheres e crianças que chegaram ao campo de deslocados de Al Hol, sob controle curdo, durante as últimas 48 horas.
A última onda de evacuados eleva a 55.000 o número de pessoas que chegaram a este campo desde dezembro, complicando a situação com falta de barracas e problemas de saúde, segundo o IRC. O campo está "no limite".
Desde dezembro, aproximadamente 58 mil pessoas, principalmente familiares de jihadistas, abandonaram a região, segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH). Entre eles, mais de seis mil combatentes foram detidos.
Após uma ascensão rápida em 2014, os extremistas proclamaram um "califado" na região entre a Síria e o Iraque, atraindo milhares de estrangeiros. Depois de múltiplas ofensivas, os combatentes do Estado Islâmico perderam quase a totalidade do território.
- Clandestinidade -Na quinta-feira, o general Joseph Votel, chefe das tropas americanas no Oriente Médio, advertiu que o combate contra o EI na Siria "está longe de terminar".
"Observações recentes de nossos homens e mulheres sobre o terreno mostram que os simpatizantes do EI que estão abandonando o califado permanecem, em grande parte obstinados, irredutível e radicalizados", avisou o militar perante uma comissão do Congresso dos Estados Unidos.
O "califado" poderia se converter numa "organização amplamente dispersa e desagregada", com seus dirigentes e combatentes na clandestinidade mas ainda motivados por uma ideologia extremista, advertiu.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ordenou em dezembro a retirada total e imediata das forças americanas em ação na Síria, declarando uma vitória total contra o EI.
Desde então, o Congresso e o Pentágono convenceram o dirigente sobre a necessidade de adiar retirada das tropas dessa região, que está fora do controle sírio, e manter ali uma "força residual" que Trump estimou em cerca de 200 militares.
A guerra conta o EI representa atualmente a principal frente dos combates na Síria, que deixaram mais mais de 360 mil mortos desde março de 2011, enquanto o governo local, com o apoio da Rússia e Irã, reconquistou cerca de dois terços do país.
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