Oito de março, um dia de luta das mulheres em todo o mundo
Paris, 8 Mar 2019 (AFP) - O mundo celebra nesta sexta-feira o Dia Internacional da Mulher, mas as manifestações e as greves em muitos países demonstram que a luta pelo direito à igualdade ainda tem muitas batalhas pela frente e em muitas frentes.
- Greve feminista na Espanha -Com uma greve e centenas de protestos e concentrações em toda a Espanha, o movimento feminista acredita que repetirá este ano o sucesso de sua greve inédita em 2018 por ocasião do Dia Internacional da Mulher.
Desde março de 2018 houve uma mudança de governo na Espanha, agora socialista e com mais mulheres no gabinete, mas no país ainda existe uma brecha salarial de 14,2% entre homens e mulheres (dois pontos abaixo na média europeia).
Além disso, a violência machista continua matando mulheres no país: 47 no ano passado e ao menos 975 desde 2003.
- Contra a misoginia nas Filipinas -Cerca de 4.000 manifestantes marcharam em Manila gritando slogans contra o presidente Rodrigo Duterte, que repetidamente fez piadas sobre estupro e no ano passado admitiu ter tocado indecentemente a empregada da família quando ele era adolescente.
Os assessores descartaram seus comentários como piadas, mas ativistas denunciaram suas declarações "misóginas" como "inaceitáveis, apontando para estatísticas que mostram um aumento de 153% no estupro em relação à década antes de ele ser eleito.
Uma mulher ou criança é estuprada nas Filipinas a cada hora. Ativistas com o objetivo de aumentar a conscientização sobre a violência baseada no gênero organizaram uma exposição de roupas usadas pelas vítimas, chamada 'Não me diga como me vestir'.
- Flores na Coreia do Norte -Em Pyongyang, a Flower Shop No. 5 está realizando um comércio dinâmico de flores no Dia Internacional da Mulher, que é um feriado público na Coreia do Norte, enquanto um fluxo constante de clientes aparece para comprar flores para suas esposas, mães e outras pessoas queridas.
Como o fundador da Coreia do Norte Kim Il Sung disse certa vez: "Em nosso país, as mulheres estão no comando de uma das rodas da revolução".
Sua atitude encontrou até mesmo expressão no dicionário, que apresenta frases como "uma lutadora revolucionária indomável" ou "se as mulheres estão confinadas a seus lares e permanecem longe do trabalho e da vida organizacional, elas não podem ser revolucionadas".
- ONU defende tarefas domésticas para homens -A Organização Internacional do Trabalho (OIT) revelou em um novo relatório que as disparidades entre a taxa de emprego de homens e mulheres diminuíram menos de dois pontos percentuais nos últimos 27 anos.
A OIT enfatizou que há vários fatores que impedem a igualdade no emprego e que "o mais pesado" é a criação dos filhos.
"Nos últimos 20 anos, o tempo gasto pelas mulheres com cuidados para os filhos e trabalhos domésticos não remunerados praticamente não diminuiu, enquanto que para os homens aumentou apenas oito minutos por dia", indicou Manuela Tomei, diretora do Departamento de Condições Trabalhista e Igualdade da OIT.
"Quando os homens estão mais envolvidos em atividades de cuidados não remunerados, há mais mulheres em cargos de chefia", observa Tomei.
De acordo com o relatório, 647 milhões de mulheres em idade de trabalhar (21,7%) no mundo prestam serviços domésticos gratuitos e em tempo integral, e esse percentual chega a 60% nos países árabes.
- Putin cavalga com mulheres da polícia -Em Moscou, o presidente Vladimir Putin cavalgou com mulheres policiais, embora não de peito nu desta vez.
Putin, que gosta de projetar uma imagem ativa, já foi fotografado caçando, pescando, mergulhando ou exibindo suas habilidades de judô, muitas vezes sem camisa.
- Austrália critica os sexistas -O governo da Austrália usou o Dia Internacional da Mulher para mirar na Wicked Campers, uma empresa de trailers "misógina", conhecida por sua frota de veículos pintados com grafites e slogans sexistas que provocam indignação.
"Não toleramos slogans sexistas, misóginos e ofensivos em trailers", disse a ministra da Mulher, Kelly O'Dwyer, enquanto o ministro dos Transportes, Michael McCormack, disse que estes "pertencem a um ferro-velho, não a estradas da Austrália".
- Papa: mulheres são fontes de paz -O papa Francisco elogiou as mulheres, afirmando que elas são fonte de paz, saudando sua contribuição para construir um mundo "que pode ser um lar para todos".
"As mulheres tornam o mundo bonito, protegem-no e o mantém vivo. Trazem a graça da renovação, o abraço da inclusão e a coragem de se doar", disse.
"A paz, então, nasce das mulheres, surge e é reacendida pela ternura das mães. Assim, o sonho da paz se torna realidade quando olhamos para as mulheres. (...) Se sonhamos com uma paz futura, precisamos dar espaço para as mulheres".
- França homenageia ativista de Camarões -A França concedeu o primeiro prêmio Simone Veil a Aissa Doumara Ngatansou, uma camaronesa que passou 20 anos ajudando vítimas de estupro e casamentos forçados.
Ao receber o prêmio de 100.000 euros (US$ 112.000), Doumara dedicou-o a "todas as mulheres vítimas de violência e casamentos forçados" e àquelas que escaparam das garras do Boko Haram, o movimento jihadista que surgiu na Nigéria há uma década e aterrorizou região.
- Dia de luto em Portugal -Com bandeiras a meio mastro e um minuto de silêncio durante o conselho de ministros, Portugal realizou nesta quinta-feira um dia de luto nacional para homenagear as mulheres vítimas de violência doméstica.
De acordo com o Observatório de Mulheres Assassinados da UMAR (associação que defende os direitos das mulheres), 28 mulheres foram assassinadas por seu cônjuge ou ex-cônjuge em Portugal em 2018.
"O feminicídio é um flagelo nacional e devemos sensibilizar as pessoas", disse à AFP Manuela Tavares, membro do conselho da UMAR, elogiando a iniciativa do governo.
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