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Segurança do Boeing 737 MAX questionada após duas tragédias aéreas

11/03/2019 14h52

Washington, 11 Mar 2019 (AFP) - Pela segunda vez em menos de seis meses, um Boeing 737 MAX 8 caiu minutos após a decolagem, matando todos os passageiros a bordo e levantando novas questões sobre a segurança de um modelo que é crucial para os planos futuros do gigante aeronáutico americano.

No domingo, 157 passageiros e tripulantes morreram na queda de um 737 MAX operado pela Ethiopian Airlines. Foi o mesmo modelo que caiu na Indonésia em outubro, tirando a vida das 189 pessoas a bordo.

A Ethiopian Airlines anunciou ter determinado a interrupção da utilização de sua frota deste modelo de Boeing, e países como a China, a Indonésia e Coreia do Sul decidiram a mesma coisa.

Pequim informou que só voltará atrás em sua decisão assim que os Estados Unidos e a Boeing confirmarem "as medidas tomadas para garantir efetivamente a segurança dos voos", afirmou, em um comunicado, a Administração da Aviação Civil do gigante asiático.

Somente os dados de voo e a conversa da cabine que estão nas duas caixas pretas da aeronave, já encontradas, podem fornecer evidências tangíveis do que pode ter causado o último acidente: problemas técnicos, erro do piloto ou uma combinação de fatores.

"O piloto mencionou que ele tinha dificuldades e queria voltar. Ele recebeu permissão para dar a volta", disse o diretor-executivo da Ethiopian Airlines, Tewolde GebreMariam, a jornalistas em Addis Abeba.

As condições meteorológicas na capital etíope eram boas no momento do voo.

- Coincidência -Enquanto o especialista do Teal Group, Richard Aboulafia, diz que é "muito cedo para fazer qualquer tipo de comentário significativo", outro analista destacou as semelhanças entre os dois incidentes.

"É o mesmo avião. Assim como a Lion Air, o acidente (da Ethiopia Airlines) aconteceu logo após a decolagem e os pilotos disseram que estavam tendo problemas, então o avião caiu. As semelhanças são claras", acrescentou o especialista aeroespacial que pediu para não ser identificado.

Mas o especialista em aviação Michel Merluzeau observou que "estas são as únicas semelhanças, e a comparação para aí, já que não temos nenhuma outra informação confiável neste momento".

Desde o acidente da Lion Air, o 737 MAX enfrentou um crescente ceticismo da comunidade aeroespacial. O programa já apresentara problemas durante o seu desenvolvimento.

Em maio de 2017, a Boeing interrompeu os testes de voo do 737 MAX devido a problemas de qualidade com o motor produzido pela CFM International, uma empresa de propriedade conjunta da Safran Aircraft Engines da França e da GE Aviation.

O acidente de domingo é um grande golpe para a Boeing, cujos aviões MAX são a versão mais recente do 737, a aeronave mais vendida de todos os tempos e com mais de 10.000 aparelhos produzidos.

"O MAX é uma linha muito importante para a Boeing na próxima década, representando 64% da produção da empresa até 2032, e tem margens operacionais significativas", disse Merluzeau.

Ele acrescentou que as próximas 24 horas serão fundamentais para a Boeing lidar com a crise com viajantes e investidores preocupados com a confiabilidade de suas aeronaves.

A Boeing disse estar "profundamente entristecida" com o acidente da Ethiopian Airlines, acrescentando que uma equipe técnica fornecerá assistência aos investigadores.

O especialista, que pediu anonimato, disse que a Boeing provavelmente enfrentará uma reação negativa nos mercados, mas que o prejuízo será limitado para o grupo.

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