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Veja os principais cenários envolvendo o Brexit

11/03/2019 10h42

Londres, 11 Mar 2019 (AFP) - Será que o Brexit finalmente acontecerá? Mas quando e como? A duas semanas e meia da data prevista para sua execução, o Parlamento britânico deve se pronunciar pela segunda vez nesta terça-feira sobre o acordo de saída da União Europeia, após a sua rejeição em janeiro.

A primeira-ministra britânica, Theresa May, espera poder apresentar novas "garantias" de Bruxelas para superar a reticência de alguns deputados, principalmente eurocéticos dentro de seu próprio Partido Conservador.

Mas até agora seus contatos com Bruxelas foram "difíceis", segundo Londres, e, até o momento, não permitiram identificar "nenhuma solução", segundo a Comissão Europeia, para o ponto mais espinhoso, a salvaguarda idealizada para permitir que a fronteira na ilha da Irlanda permaneça aberta.

Veja os principais cenários possíveis:

- Acordo aprovado -Se o Parlamento aprovar o texto nesta terça-feira, o país deixará a UE com condições negociadas.

A questão é quando, uma vez que tempo que restará até a data agendada, dia 29, é muito curto.

O Reino Unido poderia pedir à UE um adiamento, que deverá ser aprovado por unanimidade.

Segundo os especialistas, uma extensão de três semanas seria suficiente para que ambas as partes ratificassem o tratado.

as se esse período também permitir a aprovação de uma nova legislação prevista pelo acordo - sobre agricultura, pesca ou imigração -, levaria pelo menos oito semanas, segundo fontes europeias.

Muitos analistas apostam num máximo de três meses, até a composição no início de julho do novo Parlamento Europeu após as eleições de maio.

- Brexit sem acordo - Se os deputados rejeitarem o acordo novamente, May os perguntará um dia depois se aceitam ou se recusam a deixar a UE abruptamente sem um acordo.

Esté é um cenário temido pelos meios econômicos britânicos e ao qual a maioria dos deputados se opõem. Essa poderia ser a opção alternativa apresentada pelo governo, mas também é a opção default caso o Parlamento não alcance outra solução.

O Banco da Inglaterra advertiu que isso mergulharia o país em uma grave crise econômica, com disparada do desemprego e da inflação, queda da libra e do preço da moradia e quase 10% de redução do Produto Interno Bruto (PIB).

Este cenário poderia causar escassez de medicamentos, provocar engarrafamentos monstruosos nos portos e impedir as companhias aéreas britânicas de voarem.

- Adiamento do Brexit - Se os deputados também rejeitarem o Brexit sem acordo, um dia depois poderão votar no adiamento da data de partida, neste caso por razões políticas.

Mas para quê? Vários líderes europeus têm estado dispostos a conceder um adiamento a Londres, mas apenas com a condição de que tenha um objetivo claro.

A imprensa britânica afirma que a equipe de May contempla a possibilidade de apresentar o texto ao Parlamento uma terceira vez, embora tudo dependa de quantos deputados votarem contra ele na terça-feira: mais de 60 parece ser uma desvantagem difícil de ser superada.

Até agora, May declarou-se contrária a um período superior a dois ou três meses, mas se Londres e Bruxelas tiverem que começar a negociar algo totalmente diferente, muito mais seria necessário.

Do ponto de vista legal, se for além de 2 de julho, dia da sessão de abertura do Parlamento Europeu, o Reino Unido terá que organizar eleições europeias para nomear seus 73 deputados.

- Anulação do Brexit - Um adiamento também poderia levar à organização de um segundo referendo sobre o Brexit ou a convocação de eleições legislativas antecipadas.

May sempre rejeitou a ideia de um novo referendo, mas desta vez tem o apoio de parlamentares pró-europeus.

Recentemente, até mesmo o líder da oposição, Jeremy Corbyn, apoiou esta proposta diante da qual estava relutante até agora.

Essa possibilidade abriria um debate espinhoso sobre como formular a questão a ser submetida à votação, que poderia dividir tanto como o primeiro referendo de junho de 2016.

Da mesma forma, novas eleições legislativas poderiam ser convocadas em dois casos. Um seria a aprovação pelo Parlamento de uma moção de censura contra o governo, um cenário improvável após a rejeição da apresentada por Corbyn em meados de janeiro. O outro caso seria uma decisão da própria May, que usaria sua última carta, apesar do risco de perder sua posição.