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Ex-chefe de campanha de Trump condenado a mais 43 meses de prisão

13/03/2019 17h09

Washington, 13 Mar 2019 (AFP) - Paul Manafort, ex-chefe de campanha do presidente americano Donald Trump, que atualmente cumpre 47 meses de prisão por fraude bancária e fiscal, foi sentenciado nesta quarta-feira (13) a mais 43 meses de prisão por conspiração.

"O acusado não é inimigo público número um", mas "também não é uma vítima", declarou a juíza federal Amy Berman Jackson ao anunciar a sentença.

A magistrada acrescentou que o réu demonstrou pouco arrependimento e mentiu reiteradamente.

Além disso, Manafort foi mais uma vez acusado de fraude, desta vez por falsificar documentos para obter empréstimos hipotecários milionários, anunciou o procurador-geral de Manhattan, Attorney Cyrus Vance.

"Ninguém está acima da lei em Nova York", afirmou Vance em um comunicado.

Manafort, que fará 70 anos em 1º de abril, se apresentou ante um tribunal federal de Washington para ouvir a sentença da juíza por duas acusações de conspiração nas quais se declarou culpado.

O caso Manafort é o principal resultado da investigação do procurador especial Robert Mueller sobre a interferência da Rússia nas eleições presidenciais de 2016.

- Pena inferior -Manafort foi sentenciado no último dia 7 por um tribunal da Virgínia a 47 meses de prisão, uma pena claramente inferior à recomendada pelo departamento de Justiça, que tinha pedido de 19 a 24 anos para ele.

Em agosto do ano passado, já tinha sido condenado por um júri da Virgínia em um processo que correu em Alexandria, cidade deste estado do leste americano.

Dono de gostos extravagantes que foram revelados no julgamento - ele gastou US$ 15 mil por uma jaqueta de couro de avestruz - desde a sua prisão perdeu um pouco de seu esplendor.

Em uma das audiências, ele apareceu em uma cadeira de rodas vestindo macacão de presidiário. Seus advogados explicaram que ele sofre de gota e que está atormentado por "remorso", então eles pediram clemência no processo.

Em uma dura mensagem dura, o gabinete do procurador Mueller enfatizou a seriedade dos crimes cometidos por Manafort e o fato de que ele repetida e deliberadamente, violou a lei, e pediu uma sentença exemplar para o réu.

Durante a investigação sobre a interferência da Rússia nas eleições de 2016, Mueller se interessou pelo papel de Manafort, que liderou a campanha Trump por dois meses, e também tinha ligações com ucranianos ligados a Moscou.

O ex-chefe do FBI descobriu provas de fraudes financeiras anteriores a 2016, entre elas a omissão de mais de 55 milhões de dólares distribuídos em mais de trinta contas no exterior à Receita.

Mueller também que demostrou que Manafort escondeu suas atividades de consultoria para o ex-presidente ucraniano Viktor Yanukóvich, apoiado por Moscou, o que constitui uma infração às legislações sobre grupos de pressão.

Manafort aceitou declarar-se culpado e cooperar com Mueller na esperança de obter uma redução de pena, mas, segundo a justiça, ele não cumpriu com o prometido e continuou mentindo aos investigadores, em especial sobre seus vínculos com um antigo sócio chamado Konstantin Kilimnik que, segundo os Estados Unidos, é suspeito de estar vinculado aos serviços de inteligência russos.