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Oposição põe em dúvida continuidade do diálogo na Nicarágua

17/03/2019 20h24

Manágua, 17 Mar 2019 (AFP) - A oposição nicaraguense pôs em dúvida neste domingo (17) a continuidade das negociações com o governo para buscar uma saída pacífica para a crise no país, depois de uma ação policial para impedir um protesto na véspera.

A ação policial, que no sábado impediu violentamente uma marcha da oposição e resultou na detenção de 164 pessoas, que depois foram liberadas, foi rejeitada por vários setores dentro e fora do país.

Jornalistas nacionais e internacionais, entre eles o cinegrafista da AFP Luis Sequeira, foram agredidos enquanto cobriam os incidentes.

"Acreditamos que ações como esta não contribuem para o processo de negociação e põem em risco qualquer tentativa de encontrar uma saída negociada para a crise do país", disse à AFP o delegado da opositora Aliança Cívica pela Justiça e a Democracia (ACJD), Max Jérez.

O governo não se pronunciou sobre o ocorrido, exceto através de um comunicado da polícia no qual disse que apesar das advertências sobre uma atividade não autorizada, grupos de pessoas violentaram a ordem pública.

O bloco opositor analisava neste domingo a posição que vai adotar para a continuidade das negociações. Embora com algumas nuances, seus membros acreditam que o diálogo é a única saída para a grave crise que afeta a Nicarágua, um dos países mais pobres da América Latina.

O presidente Daniel Ortega, de 73 anos, governa o país desde 2007 e enfrenta há 11 meses uma crise detonada por protestos que deixaram 325 mortos, cerca de 700 presos e milhares de exilados.

As negociações iniciadas em 27 de fevereiro, marcadas por um processo lento e um impasse devido à exigência da oposição de libertar presos políticos, entram nesta segunda-feira na quarta semana de trabalho.

Na sexta-feira, o governo libertou 50 detidos, após uma promessa de liberar um "núcleo considerável" de réus. Outros cem presos tinham sido colocados em prisão domiciliar no início dos diálogos.

Ortega "esta colocando uma lápide na negociação que ele próprio convocou", disse à imprensa o chefe da delegação opositora na mesa de diálogo, Carlos Tunnerman, embora tenha esclarecido que esta é uma opinião pessoal.

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