"Diálogo difícil, mas aberto" entre a Rússia e os EUA sobre crise na Venezuela
Roma, 19 Mar 2019 (AFP) - Pela primeira vez, representantes dos Estados Unidos e Rússia se reuniram para dialogar sobre a crise na Venezuela, um passo importante para o futuro do país sul-americano.
O encontro realizado nesta terça-feira em Roma, contou com a presença do representante americano na Venezuela, Elliot Abrams, e o vice-ministro das Relações Exteriores russo, Serguei Ryabkov.
Foi "um diálogo difícil, mas aberto", declarou o enviado de Moscou após a reunião em um hotel na capital italiana. "Estamos convencidos da necessidade de continuar o diálogo com os Estados Unidos", acrescentou Ryabkov.
Foi o primeiro encontro entre representantes dos dois países, que têm posições diametralmente opostas sobre a crise na Venezuela.
A Rússia é um dos grandes aliados do presidente socialista Nicolás Maduro, a quem os Estados Unidos buscam retirar do poder por considerá-lo um ditador.
"Foram conversas frutíferas", disse Ryabkov, que reconheceu que "hoje não conseguimos aproximar nossas posições, especialmente em questões de princípio".
"Entendemos melhor a visão deles e sentimos o pulso da posição americana", explicou.
- EUA: uma "troca de visões e não de negociações" -O representante do governo de Donald Trump também classificou a conversa como "positivas, sérias e substanciais".
"Foi uma troca de visões e não de negociações sobre o futuro da Venezuela", destacou Abrams.
"O futuro dos venezuelanos está nas mãos dos venezuelanos", afirmou, acrescentando que "serviu para entender que a Rússia considera muito séria a crise humanitária e econômica que atinge a Venezuela, mas tem uma visão diferente em relação ao que faz o regime de (Nicolás) Maduro".
Fontes diplomáticas explicaram que a Rússia advertiu os Estados Unidos que se opõe a qualquer intervenção militar na Venezuela e que vai defender os interesses das empresas russas nesse país.
"Estamos dispostos a continuar o diálogo com os Estados Unidos já que a gravidade da situação não nos dá margem para um erro. Devemos comprender as intenções de cada parte com a maioor exatidão possível", disse o diplomata russo.
- Itália é chave para o diálogo -Durante sua estada em Roma, Ryabkov também se reuniu com "representantes" do governo italiano para falar sobre a questão venezuelana.
"Entendemos a especificidade da posição italiana, que foi acordada com os demais países da União Europeia e com o Grupo Internacional de Contato", destacou o vice-ministro.
O governo italiano é a favor de eleições "o mais rápido possível" na Venezuela, não reconhece o opositor Juan Guaidó como presidente interino e considera que as eleições presidenciais de maio passado não conferem legitimidade democrática ao vencedor, Nicolas Maduro.
O vice-ministro russo também agradeceu a Itália por sua posição contra o uso da força para resolver a crise naquele país.
Para o diplomata, a Itália "pode contribuir" para encontrar uma solução para a situação da Venezuela e pode colaborar para que "a oposição tenha posições mais construtivas para o diálogo com as autoridades de Caracas".
Ryabkov reconheceu que "com a Itália há discrepâncias na abordagem da crise na Venezuela, como a legitimidade de Maduro".
"Mas estamos abertos a qualquer mecanismo de diálogo e acreditamos que é necessário intensificar nossos contatos para evitar cenários negativos", explicou.
A reunião em Roma foi confirmada em um comunicado pelo Departamento de Estado dos EUA.
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