Topo

Índia consegue destruir satélite no espaço

27/03/2019 12h42

Nova Délhi, 27 Mar 2019 (AFP) - A Índia se uniu nesta quarta-feira ao grupo de poucos países do mundo capazes de destruir com um míssil um satélite de órbita baixa no espaço, anunciou o primeiro-ministro Narendra Modi, que assegurou no entanto que a nação não deseja criar uma atmosfera de guerra.

Uma agência de pesquisa militar indiana, a DRDO, destruiu nesta quarta-feira um satélite do país com um míssil lançado a partir de uma ilha próxima ao estado de Odisha (leste). A Índia se tornou a quarta nação do mundo a conquistar esta proeza tecnológica, depois dos Estados Unidos, China e Rússia.

A operação, batizada de "Mission Shakti" ("força" em hindi), durou três minutos.

"Nossos cientistas derrubaram um satélite de órbita baixa a uma distância de 300 quilômetros", declarou Modi em seu primeiro discurso exibido na televisão desde 2016, a apenas duas semanas das eleições legislativas no país do sul da Ásia.

"Nosso objetivo é estabelecer a paz e não criar uma atmosfera de guerra. Isto não está direcionado contra nenhum país", completou Modi no discurso, que não havia sido anunciado com antecedência.

"É um momento de orgulho para a Índia", declarou, antes de destacar que o país de 1,25 bilhão de habitantes se une às "superpotências do espaço". Apenas Estados Unidos, Rússia e China já demonstraram ter uma tecnologia similar.

Antes da Índia, a China havia sido o último país a executar uma operação do tipo, em 2007.

A destruição de satélites com míssil tem o inconveniente de projetar milhares de fragmentos em grande velocidade na órbita terrestre, o que representa um perigo para outros objetos espaciais, apontam os especialistas.

"O exercício aconteceu em uma atmosfera baixa para assegurar que não houvesse detritos espaciais. Quaisquer que sejam os resíduos gerados, se desintegrarão e devem cair na Terra em algumas semanas ", afirmou o ministério das Relações Exteriores.

A militarização do espaço é um tema que preocupa muitos analistas, em um mundo no qual os satélites são vitais para as telecomunicações, ajudam a monitorar a meteorologia ou têm a finalidade de fornecer informação militar.

"A Índia não tem nenhuma intenção de entrar em uma corrida de armamentos no espaço", afirmou o governo. "Sempre declaramos que o espaço deve ser utilizado apenas com fins pacíficos".

De acordo com Ankit Panda, da Federação de Cientistas Americanos, trata-se em primeiro lugar de "uma demonstração da capacidade de disparar em alta altitude, uma competência-chave para a melhoria em muitos domínios, como a defesa contra mísseis balísticos com capacidade nuclear".

O Paquistão, principal rival regional da Índia, por sua vez, reagiu com críticas ao governo indiano.

"Cada nação tem a responsabilidade de evitar ações que podem levar à militarização do espaço", declarou o ministério das Relações Exteriores em um comunicado.

O anúncio do governo indiano acontece no momento em que Modi aspira obter um segundo mandato de cinco anos nas eleições que começarão em 11 de abril, para as quais 900 milhões de eleitores estão convocados às urnas. Os resultados serão anunciados em 23 de maio.

Muitos políticos indianos celebraram o avanço tecnológico e felicitaram as agências governamentais, mas os rivais Modi o acusaram de ter utilizado o momento como propaganda eleitoral antes das eleições.

amd/jhd/ra/erl/fp