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Pence pede que ONU reconheça Guaidó como presidente da Venezuela

10/04/2019 19h44

Nações Unidas, Estados Unidos, 10 Abr 2019 (AFP) - O vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, pediu nesta quarta-feira (10) que a ONU reconheça Juan Guaidó como presidente da Venezuela e exigiu a partida do "ditador" Nicolás Maduro, que é apoiado por Rússia e China.

"Chegou a hora de a ONU reconhecer Juan Guaidó como presidente legítimo da Venezuela e aceitar seu representante nesta organização", afirmou Pence em uma reunião do Conselho de Segurança solicitada por Washington para discutir o agravamento da crise humanitária na Venezuela.

O vice-presidente americano afirmou que a "Venezuela é um Estado falido" e que "Nicolás Maduro deve partir", caso contrário "o caos e o sofrimento vão se espalhar pela região".

Pence olhou para o embaixador venezuelano na ONU, Samuel Moncada, e se dirigiu diretamente a ele: "com todo o respeito, senhor embaixador, você não deveria estar aqui".

"Devemos parar a guerra de (Donald) Trump", pediu, por sua vez, Moncada ao Conselho, após denunciar "uma campanha de agressão (...) mascarada de humanitária" dos Estados Unidos e Reino Unido contra a Venezuela.

Logo depois, Pence anunciou a jornalistas que os Estados Unidos vão apresentar um projeto de resolução ante os 193 países da Assembleia Geral da ONU - onde não há veto - para que Guaidó seja reconhecido presidente interino venezuelano.

Embora Washington vá continuar pressionando para uma transição pacífica, "todas as opções estão sobre a mesa", insistiu Pence, que recordou que a Organização dos Estados Americanos (OEA) reconheceu na terça-feira o representante proposto por Gauidó, Gustavo Tarre.

Em sua primeira reação, Maduro considerou que o vice-presidente americano fez um papel "ridículo" diante do Conselho de Segurança.

"Hoje esteve o vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, fazendo um papel ridículo diante do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Não posso entender sua arrogância e sua prepotência, seu supremacismo racial".

"Ameaçam a Venezuela a partir do Conselho de Segurança com uma invasão militar. Jamais se viu isto", denunciou Maduro, qualificando o discurso do vice-presidente de "irresponsável e fedido".

- Impasse -Antes da reunião, vários diplomatas expressaram temor de que o encontro terminasse em um confronto político entre aqueles que apoiam Maduro e os que reconhecem Guaidó.

O Conselho de Segurança foi incapaz, até esta data, de chegar a um acordo sobre a Venezuela.

Em 28 de fevereiro, Rússia e China vetaram um projeto de resolução, pedindo a realização de eleições "justas" na Venezuela, mas uma contraproposta de Moscou também fracassou por falta de votos.

As votações inconclusivas revelaram as divisões entre as potências mundiais na ONU sobre qual caminho seguir na Venezuela. O país se encontra mergulhado em uma grave crise política e com a economia em colapso.

Os Estados Unidos "criaram, de maneira artificial, uma crise na Venezuela com o objetivo de destituir um líder legítimo e substituí-lo por uma marionete", denunciou ante o Conselho de Segurança nesta quarta o embaixador da Rússia na ONU, Vassily Nebenzia.

O embaixador chinês, Ma Zhaoxu, afirmou, por sua vez, que Pequim apoia a Venezuela "em seus esforços para que se respeite a sua soberania e se opõe a uma intervenção militar e ao uso (político) da chamada questão humanitária". A China é o principal credor da Venezuela.

A Venezuela sofre a pior crise de sua história moderna, com uma hiperinflação de 10.000.000% este ano e uma escassez de alimentos e de remédios que causou a migração de 2,7 milhões de pessoas desde 2015, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas Refugiados (Acnur), de um total de 3,4 milhões radicados no exterior.

Os migrantes e refugiados venezuelanos fogem do país por diversos motivos: problemas de subnutrição, busca por remédios para doenças crônicas, violência e insegurança, segundo o Acnur.

Maduro, que nega a existência de uma crise humanitária, se reuniu na terça-feira com o presidente do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, Peter Maurer, e anunciou no Twitter "acordos produtivos".

Guaidó, chefe do Parlamento de maioria opositora, convocou nesta quarta um novo protesto nacional sob o lema "Não vamos nos acostumar", como parte de sua "Operação Liberdade", com a qual pretende derrubar Maduro, instalar um governo de transição e convocar novas eleições.

Os Estados Unidos, o principal apoio internacional do líder opositor, aumentou o cerco diplomático e endureceu as sanções contra Maduro e seu círculo próximo.

Pompeo realiza esta semana uma viagem por quatro países da América do Sul, a fim de solidificar a pressão contra Maduro. De 11 a 15 de abril, a turnê vai levá-lo ao Chile, Paraguai, Peru e terminará na cidade colombiana de Cúcuta, na fronteira com a Venezuela.